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De porção em porção

Publicado no Paladar de 9/2/2012 O tema tapas/cozinha espanhola está de volta à coluna. Prometo que, daqui por diante, vou dar um tempo no assunto. Mas eu considero relevante tratar da segunda edição da Tapas Week, que vai até sábado e reúne seis restaurantes e seis bares. O governo da Espanha é um dos organizadores da referida semana - afinal, a cocina, há anos, funciona como uma das bandeiras da identidade espanhola. Qual o ponto: a afirmação de um estilo de comer? Ou, a partir de uma fórmula com valor fixo (R$ 85 para restaurantes e R$ 55 para bares), criar uma porta de entrada para um novo público? Fui a três dos restaurantes participantes e provei os tais menus especiais. No saldo final, os platillos foram bem realizados. Mais com correção do que com brilho. Eñe - Uma lista de duas tapas fritas, três quentes e duas sobremesas, servidas uma de cada vez, o que torna a refeição um tanto truncada. Gostei particularmente da salada de camarão e do cochifrito, terrine de carne de porco com feijão santarém. Mas me decepcionei com as sobremesas, geleia de chá verde com sorbet e de maçã, e churros com espuma de chocolate. O prato "mar y montaña", com peixe e carne de porco, por outro lado, rendeu assunto. O garçom anunciou que o pescado usado no dia era mero, uma espécie cuja pesca está proibida. Pedi para que ele se certificasse. "Tem certeza?". "É mero." Consegui esclarecer telefonando depois, para checar os dados: era garoupa. Porém, segundo o cozinheiro, o termo mero - primo maior e quase extinto da garoupa - seria um nome mais fácil de ser compreendido em espanhol... Aos que têm bom apetite, um alerta: corre-se o risco de sair com fome. Brasero Amatxu - O restaurante do grupo basco Zaldua optou por um menu de perfil mais internacional do que necessariamente espanhol. Mas a sequência de pratos (dois frios, três quentes, duas sobremesas), servidos aos pares, fluiu sem grandes sustos. A abertura foi com uma boa torrada com sardinha marinada, que veio à mesa com um carpaccio de magret de pato (com laranja). Entre os quentes, a cozinha quase acertou no "picolé" de barriga de porco crocante, bem cozida, mas praticamente sem tempero. E escorregou, a meu ver, na escolha do foie gras com lentilhas, uma sugestão que cairia melhor se não estivéssemos no ápice do verão. Sobre quantidades e porções, acho que vão desagradar aos comilões. Mas eu diria que estão na medida. Arola Vintetres - Entre as casas visitadas, é o de atendimento mais solene e de serviço mais verborrágico. Mas o jantar seguiu num bom ritmo, com as pequenas porções chegando à mesa em pares e trios - o que é mais condizente com a seleção de tapas proposta pela casa, com tábua de embutidos, croquetes, batatas bravas. Da lista (couvert, duas tapas frias, três quentes, pré-sobremesa e sobremesa), gostei mais das lâminas crocantes de beterraba com queijo manchego e da tortilha de aspargos. As porções me parecem bem dosadas, ainda que privilegiem mais o tapeo tradicional do que osplatillos. Por que estes restaurantes? Para testar a Tapas Week. Vale? Os R$ 85 incluem uma taça de vinho ou cerveja espanhola. Com água, serviço etc, passa dos R$ 100 por pessoa. Em Barcelona, em ótimos lugares como Tapaç 24 e 41 Grados, você paga menos. Estamos caros, portanto - ainda que eu esteja cotejando com restaurantes da combalida Espanha, com demanda bem menos aquecida. Para não dizer que estou comparando chorizo com jamón, vamos olhar também internamente: se as tapas forem pedidas à la carte, o preço não é lá muito diferente. É mais o "evento", portanto, do que a comida. Arola Vintetres. Al. Santos, 1.437, Jardim Paulista, 3146- 5923. 19h/0h (6ª e sáb., até 1h; fecha dom.). Cc.: todos Brasero Amatxu. R. José Maria Lisboa, 1.065, Jardim Paulista, 3582-5918. 12h30/15h e 19h30/0h (6ª até 1h; sáb., 13h/17h e 19h30/1h; dom., 13h/17h). Cc.: todos Eñe. R. Dr. Mário Ferraz, 213, Jardim Europa, 3816-4333. 12h/15h e 19h/0h (sáb., 13h/16h e 20h/1h; fecha dom.). Cc.: todos

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