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O restaurante? É atrás do boteco

Publicado no Paladar de 11/10/2012 São quase 30 anos de atividade em Pinheiros. Aos sábados, é difícil conseguir lugar (quando tem jogo do Corinthians, mais ainda). E o Bar do Biu, atraindo um público que congrega de jovens com cabelo rastafári a publicitários modernos, passando por famílias numerosas em busca de receitas de sotaque nordestino, segue sempre na mesma toada. Pratos fartos, a preço camarada. Severino Gomes, o Biu, circula por todos os ambientes ? o comedor propriamente dito fica nos fundos do modesto bar. Edinólia, a d. Edi, é quem cuida da cozinha, enquanto Rogerio, o filho do casal, ajuda no serviço. Biu é paraibano, d. Edi é do interior da Bahia. Mas a concepção de cozinha da família, embora afirmativamente nordestina, acaba juntando raízes sertanejas a inspirações do Recôncavo (a moqueca de cação é outro sucesso do cardápio), com inevitáveis influências paulistanas: faz filé à parmigiana e outros clássicos do que poderíamos chamar de trivial variado. Além de ser um dos poucos lugares da cidade (ao lado de estabelecimentos díspares como o Bolinha e a Lana) a servir feijoada todos os dias. Item mais famoso da casa, o baião de dois à moda chega à mesa numa travessa de aço inox, rústica e astutamente montado: arroz, feijão, queijo e demais ingredientes ficam por baixo; nas laterais, nacos de batata-doce e abóbora cabotcha cozidas; por cima, finas fatias de carne de sol. Um conjunto apetitoso e potencializado por um detalhe simples e inventivo: a adição de um pouco de azeite de dendê na finalização da receita. O pernil assado é tenro e bem complementado ? não sobrepujado, o que é importante ? por seu molho, à base de pimentão e cebola. A carne de panela (chamada de mulatinha assanhada) é saborosa e sábia na cocção, macia, mas sem nunca desmanchar. A farofa de feijão-de-corda, independentemente de ela combinar com os demais pedidos, merece sempre ser provada. É uma guarnição com autoridade de prato. O escondidinho, por sua vez, é outro acerto da mestre-cuca, com o sal quase no limite, mas sem desequilibrar. Uma cozinha caseira, enfim, com padrão e regularidade. Um convite à comilança que termina bem em especial com o pudim de leite, cortado diretamente de uma das geladeiras do salão? embora o manjar branco, ainda que adensado demais, não faça feio. No seu despojamento, o Bar do Biu cumpre decentemente o papel que se dispõe a desempenhar. Por que este restaurante? Pela comida simples e saborosa. O Bar do Biu está a caminho de completar 30 anos de sucesso junto ao público que frequenta a região de Pinheiros. Vale? Vale. Os pratos individuais ? que são muito bem servidos ? ficam, em geral, entre R$ 20 e R$ 30. Compartilhando, dá para pedir várias coisas e manter a conta abaixo dos R$ 50 por cabeça. Mas é importante ressaltar: é boteco, pé-sujo, sem nenhum luxo nem formalidades de serviço, sem valet. Não é para refeições sérias de negócios nem para impressionar a futura namorada. É, sim, para uma boia farta, descompromissada. Bar do BiuR. Cardeal Arcoverde, 776, Pinheiros, 3081-6739.

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