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Quer economizar? Vá para NY

Publicado no Paladar de 9/9/2010 Em algum momento, nestes últimos dias, é provável que alguém próximo a você (ou mesmo você) tenha tentado entrar no Serafina, sem sucesso. O restaurante, filial de uma rede de Nova York, vive cheio desde que foi inaugurado, há três semanas. Mas o que há de tão atraente ali no 1.705 da Al. Lorena? Será a aura nova-iorquina? Ou será o apetite pela cucina della nonna com filtro americano? Ainda não dá para dizer. Porém, olhando da minha mesa (eu consegui lugar duas vezes, sempre chegando bem cedo), vi a mesma cena se repetindo, num moto contínuo: o cliente entra, fala com a hostess, faz cara de decepção. E dá-lhe espera. Sobre a comida, o Serafina propõe algo que se insere entre a trattoria e a casalinga (a cozinha caseira). Tal como a casa-mãe, fundada por sócios italianos em NY em 1995, o restaurante trabalha com massas, pizzas, focaccias, peixes, carnes variadas, sob a supervisão do chef Ricardo di Camargo. São pratos de execução simples e resultados razoáveis. Como o espaguete alho e óleo Pacino (R$ 26), servido al dente, com um pouco de pepperoncino. Ou os escalopes de vitela com batatas sautées (R$ 43), de acabamento um pouco mais grosseiro. Ou o papperdelle portofino (R$ 29), com molho pesto um tanto desequilibrado, mas preparado com vagens e batatas, conforme a tradição. E mantém o nível mediano em doces como a torta cremosa de ricota (R$ 15) e o tiramisù (vendido por salgados R$ 25). Agora, ainda que seja menos caro do que várias outras trattorias de São Paulo, o Serafina chega também para tornar concreta uma constatação: nossa cidade superou Nova York nos preços. E aí não estamos falando mais da subjetividade de certas comparações. É que a filial dos Jardins trabalha, na maioria dos itens, com valores mais altos do que os da matriz, na metrópole americana. Basta cotejar os cardápios, lá e cá. Os pratos têm descrição idêntica e, segundo a gerência da unidade paulistana, são mesmo iguais. Vejamos. O paglia e feno, com massa fresca, molho de tomate, manjericão e creme, custa US$ 15,50 (R$ 26,74) no Serafina da 55th Street com a Broadway Avenue. Aqui, sai por R$ 33. O robalo ao forno, servido com batatas, é vendido por US$ 25 (R$ 43) em NY; em SP, por R$ 47. O ravióli ao tartufo nero? US$ 23 (R$ 39) lá, R$ 68 aqui. Qual o critério? De acordo ainda com a gerência do Serafina, os valores foram fixados analisando nossa realidade de mercado. Mas São Paulo está podendo mais do que Nova York? Consideremos, por exemplo, o preço dos imóveis. Uma rápida pesquisa aponta que o metro quadrado do aluguel comercial na Al. Lorena fica por volta de R$ 120. Já em Manhattan, numa área como a Times Square, o preço do pé quadrado ronda os US$ 70 (por coincidência, R$ 120). Porém, a área de um metro quadrado equivale a dez pés quadrados. Falamos, em síntese, de R$ 120 para R$ 1.200. Claro, o aluguel não é o único parâmetro do cálculo dos preços. Há outros fatores, inclusive a relação entre oferta e demanda ? esta última, por aqui, anda forte. E talvez a numeralha acima confunda mais do que explique. Por outro lado, quem sabe ela seja útil para mostrar que os paulistanos não precisam se sentir diminuídos diante dos nova-iorquinos. Somos mais caros, apesar de nossos imóveis custarem bem menos. Serafina Al. Lorena 1.705, J. Paulista, 3081-3702 (127 lug.). 12h/0h (6ª e sáb., 12h/1h). Cc.: D, M e V. Estac.: R$ 15. Cardápio: italiano, com massas, pizzas, etc. Não faz reservas

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