Tasca do Arouche. Acolhedora, cardápio com ênfase no bacalhau. FOTO: Evelson de Freitas/Estadão
Não chega a ser isso. Mas o novo empreendimento do restaurateur José Maria Pereira e do chef Ernestino Pontes, da Tasca do Zé e da Maria, abre com uma proposta bastante amadurecida, embora precisando de polimento. O cardápio? É o mesmo da casa-mãe: majoritariamente português, com ênfase no bacalhau. O serviço? Tem espírito sempre acolhedor. O público predominante? Durante a semana, secretários de governo e Prefeitura, membros da Academia Paulista de Letras. Todos trabalhando no entorno e, até então, contando com o La Casserole como alternativa de almoço mais caprichado. O couvert inclui queijo fresco, manteiga, croquete de carne, bolinho de bacalhau, risole de camarão; e só escorrega no frescor do pão, o que aconteceu em todas as visitas. Entre as variadas opções de bacalhau, o da Tasca (R$ 99) chega à mesa perfeitamente dessalgado, com cebolas caramelizadas, batatas ao murro e brócolis. Nos domínios do arroz (o chef Pontes usa o tipo carolino, português), o de polvo (R$ 65) é rico, encorpado, com grãos estritamente al dente; o de pato (R$ 55), não economiza lascas da ave, e lembra mais o risoto à italiana do que a preparação típica do Minho. Entre as sobremesas (R$ 14,90), gostei da siricaia e do toucinho do céu (numa versão de textura mais seca e granulosa). Mas acho que o pastel de natas servido em fatias, como uma torta, não funciona tão bem: perde em mordida, em harmonia entre massa e recheio (unidades pequenas, entretanto, acompanham o café). Por fim, uma observação sobre o almoço executivo (R$ 49), estratégico naquela região: a diferença de qualidade com os pedidos à la carte ainda é grande. No espaguete de bacalhau, por exemplo (às sextas), a pasta, o peixe e seu molho não se conversam, parece que nem foram apresentados. O que é quase uma contradição ? para não perder a piada ?, num restaurante onde a tônica é fazer com que todo mundo acredite que é de casa.
Por que este restaurante?
Porque toda vez que um novo restaurante abrir no Centro será um bom motivo. E pelos pratos portugueses bem feitos.
Vale?
Por causa dos ingredientes, bacalhau em especial, os preços não são baixos. Se os pratos forem pedidos individualmente, é difícil gastar menos de R$ 150 por cabeça na refeição. Mas muitas das sugestões podem ser compartilhadas, o que reduz bastante a conta. O almoço executivo custa R$ 49. Vale conhecer.
SERVIÇO - Tasca do Arouche
Largo do Arouche, 212, Centro Tel.: 3224-1421 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/0h (sáb., 12h/0h30; dom., 12h/18h) Cc.: todos Estac.: manob. R$ 20