A revista onde trabalho na França, Profession Fromager, me enviou em uma semana de reportagem pela França, guiada pelo jornalista Arnaud Sperat Czar. Unindo o útil ao agradável, levei comigo Flavia Soni Rogoski, da loja Bon Vivant, em Curitiba (PR), e Aline Biazous, do Armazém Nona Joana, em Passo Fundo (RS). Elas vieram à França especialmente para fazer a formação intensiva em Venda de Queijos na Mons Formation, escola francesa especializada em cursos para estrangeiros.
Nós saímos de Lille e, depois de visitar boutiques em Paris, seguimos para conhecer o Bleu de Queyras, queijo azul do departamento de Altos Alpes. Em seguida, seguimos para participar como juradas de um concurso regional na região de Provence e Côte d'Azur. De lá partimos para conhecer queijos raros da região de Savoie, como o Grataron d'Arêches e o Persillé des Aravis. No caminho para o centro de formação Mons, visitamos ainda boutiques de queijo em Chambery e Annecy.
Nossa primeira parada, dia 18 de novembro, foi o Parque Natural Regional de Queyras, onde três produtores solicitaram a denominação de origem controlada para seu queijo azul feito nas alturas, a mais de 2.000 m de altitude.
No segundo dia fomos juradas do concurso regional de Brignoles, uma região de muitas pequenas fazendas de cabra e ovelha, conhecida por fabricarem queijos muito frescos.
Na procura de queijos mais desconhecidos, que ainda não têm origem protegida, seguimos para o vale de Beaufort.
Em seguida fomos para Manigod visitar um produtor do Persillé des Aravis, em Savoie. É um queijo azul de leite cru de cabra, de 12 a 15 cm de altura e 8 a 10 cm de diâmetro.
Descendo os Alpes em direção à fronteira com a região de Rhône-Alpes e Auvergne, passamos em duas boutiques de queijo tradicionais em Annecy e Chambéry.
Na chegada para o curso de Vendas de Queijo na Mons Formation, onde eu faço as traduções para o português, a primeira tarefa (difícil) foi degustar uma tábua com seis famílias de queijo.
Depois de 4 horas de aulas teóricas sobre organização de vitrines de queijos artesanais, o prêmio das duas estagiárias foi visitar as caves modernas da Maison Mons no final do dia.
"É incrível como os queijos muito mofados são bem aceitos pela culinária francesa e apreciados pelos seus sabores intensos. Precisamos mostrar aos brasileiros o potencial que ainda pode ser desenvolvido no nosso queijo artesanal, tanto na diversidade de fabricação e cura quanto na legislação", disse Flávia.
E a viagem não acabou. Dia 28 eu estarei em Uberaba, no Brasil, para continuarmos com cursos de cura e fabricação de queijos frescos na Expozebu... vida cigana!