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Bebida

40 vinhos tintos de inverno, de R$ 28 a R$ 100

Nossa seleção de inverno agrupou os vinhos pelos aromas dominantes – fruta, barrica, especiarias ou animal –, os mais frequentes e instigantes nos tintos. Para entrar na brincadeira, gire o vinho na taça e procure por eles

 . Foto: Daniel Almeida|EstadãoFoto: Daniel Almeida|Estadão

É comum que se pense em tintos alcoólicos e encorpados quando o tema é o que beber no inverno. Mas nessa seleção de 40 vinhos para a estação não nos prendemos somente a isso, afinal, o Brasil está longe da Sibéria; temos dias mais frios, outros nem tanto. Preferimos buscar vinhos capazes de aquecer, mas, acima de tudo, de aguçar o olfato e agradar ao paladar. 

A ideia desta edição foi garimpar tintos com personalidades distintas a um custo que permita que o inverno seja permeado por garrafas. 

Para organizar a seleção, focamos em quatro grupos de aroma e sabor: os que têm o poder da fruta como marca principal; os que trazem características adquiridas pelo tempo em barrica; aqueles que se destacam por notas que remetem a especiarias; e os que têm um toque animal. Mas isso não significa que sejam exclusivamente frutados, ou tostados. Os vinhos podem trazer mais de uma dessas características ao mesmo tempo, afinal complexidade é qualidade e todo mundo gosta. Com isso em mente, decidimos agrupar os rótulos de acordo com o que é mais marcante em cada vinho.

  Foto: Daniel Almeida|Estadão

Reunimos vinhos fáceis de encontrar no mercado (com indicação de pontos-de-venda e preços) e sugerimos harmonizações para todos eles, com a ideia de formar um cardápio amplo para os meses de frio.

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A seleção teve a colaboração de cinco especialistas, os sommeliers Alexandra Corvo (Ciclo das Vinhas), Aline Rodrigues (Clos), Gabriele Frizon (ex-Tangará Jean-Georges), Gustavo de Abreu (Komah) e o sócio da escola Enocultura, Paulo Brammer.

A felicidade com uma taça de vinho está sempre diretamente ligada à temperatura em que a bebida é servida. Embora no inverno essa questão seja menos dramática que no verão, quando o entra e sai do balde de gelo pode ser fatal, não caia do conto dos tintos à temperatura ambiente, afinal há dias mais ou menos frios. O negócio é olho no termômetro: para a maioria dos tintos dessa seleção, a temperatura ideal é de 15º a 18º.

Quanto às taças, tintos encorpados pedem o modelo de Bordeaux, os aromáticos vão bem com a de Borgonha e os “picantes” se destacam nas taças para Syrah. Se você tem todas, ótimo, pode até experimentar o mesmo vinho nas três e fazer comparações. Mas dá para se virar – e muito bem – com um modelo de taça apenas, o importante é que seja grande o suficiente para deixar o vinho “respirar”, pois em contato com o oxigênio, ele “se abre”, mostra mais aromas e nuances de sabor.

FRUTA

Na nossa carta de inverno brilham as frutas vermelhas e as negras. Morango, framboesa, groselha, cranberry, cereja, ao lado de amoras, ameixas, mirtilos e cassis. Estão todas aí, com maior ou menor presença. O que varia nos rótulos escolhidos é o estágio de maturação, que faz com que a fruta se apresente fresca, seca, madura, cozida, ou até lembrando uma geleia. 

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O que importa (e o que você deve buscar num tinto frutado) é a vivacidade (acidez, o que faz salivar) para não cansar o paladar e ao mesmo tempo estimular a combinação com a comida. 

Indicamos rótulos de diferentes variedades e terroirs. A lista vai da Carmenère do Maipo, no Chile, à Mencía de Bierzo, na Espanha, passando por Grenache Noir francês e um Malbec-Corvina argentino parcialmente passificado. Tem até um Lambrusco para limpar a reputação do estilo.

BARRICA

Há duas plantas fundamentais para se fazer um bom vinho, a videira e o carvalho, diz a crítica inglesa Jancis Robinson. E é dessa segunda espécie que vêm as melhores barricas utilizadas para maturar a bebida – depois da fermentação, pode-se engarrafar o vinho ou deixar que “amadureça” em contato com a madeira. Mais que as consequências aromáticas, os produtores de (bons) tintos buscam a estabilização eficaz, além da cor profunda e da integração de taninos, crucial para a longevidade de um vinho. Mas o efeito aromático não pode ser negado, com nuances como chocolate, fumo de corda e caixa de charutos, coco, baunilha e o célebre tostado.

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Porém o pobre carvalho vem sendo demonizado em alguns grupos. Culpa de produtores que pesaram a mão em seu uso, fazendo com que esses aromas passassem por cima de outras características importantes, como a própria fruta. Veja aqui exemplos de bom uso da madeira, que resultam em novos aromas e boa estrutura

ESPECIARIA

Essa categoria reúne os vinhos com aromas de especiarias, ou seja, aqueles que, por trás de algum outro perfume, seja de fruta ou flor, trazem pimenta-do-reino, pimenta branca, cravo, canela, anis, noz moscada e alcaçuz, entre outros. E, se ao ler os nomes desses temperos os aromas vieram rápido à sua cabeça, você não terá problemas para compreender e desfrutar dessa categoria de vinhos, uma das mais instigantes da nossa seleção. Provavelmente você vai identificar essas características na hora. Gire a taça, aproxime o nariz do copo e aspire lenta e profundamente.

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Alguns desses vinhos terão notas de uma única especiaria bem marcada; outros, um toque genérico temperado, o que deve bastar para conceder charme à bebida e, com sorte, gerar uma pequena epifania gustativa. Geralmente, os aromas de especiarias são relativos a características próprias da fruta e, portanto, chamados primários. Mas, claro, há exceções à regra. 

Você vai ver que nessa lista brilha a Syrah, cepa que traz a pimenta-do-reino como protagonista; destacam-se também os tintos densos que apresentam notas de alcaçuz; e ainda há aqueles que apresentam um toque de baunilha, adquirido durante o contato com a madeira no período de maturação da bebida (eles não estão na seleção de barricas porque possuem também outras especiarias). 

É importante saber que a lembrança olfativa condimentada não quer dizer que esses vinhos serão “ardidos” ou que algum tempero foi adicionado a eles. Muitos desses aromas podem ser explicados por compostos moleculares naturais das próprias cepas, como é o caso do Rotundone, responsável pelo aroma de pimenta da Syrah, descoberto há cerca de dez anos na Austrália.

ANIMAL

Aroma de estábulo e xixi de gato não são exatamente o que um bebedor comum pensa em encontrar quando coloca o vinho na taça. Mas vai aqui um aviso: esses aromas não são defeitos e podem apontar para alta qualidade. Eis porque essa é uma categoria polêmica, afinal notas animais em um vinho podem denotar tanto complexidade como evolução. 

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Há quem se interesse justamente por essas características animais – e a partir delas algumas cepas ou estilos de vinho podem ser identificados em uma degustação às cegas. Exemplos? A gordura de bacon é comum aos vinhos da Alsácia mais maduros; couro costuma estar presente (e é desejável) em tintos que estagiam em madeira, principalmente os australianos; caça pode apontar para um Borgonha maduro ou para os do Rhône; carne, Pomerol; e, acredite, xixi de gato é característica comum a alguns ótimos Sauvignon Blanc do Loire.

Na origem de alguns desses aromas está a Brettonomyces, ou a “brett”, como é mais chamada. É um gênero de leveduras que gera aromas rústicos, que podem ir para o lado bom, ou para o mau. Bons são os aromas de carne e couro. Os maus? Suor, chulé, queijo vencido. Por isso, fique atento quando seu nariz identificá-los, esses aromas desagradáveis podem indicar defeitos Há quem acredite, no entanto, que cabe a quem bebe decidir o que é defeito ou não. Porque tem quem goste. A sommelière e designer Madeline Puckette, autora do Wine Folly Guia Essencial do Vinho, compartilha da opinião.

Há quem ache também que a brett está ligada ao terroir, uma vez que é uma marca de algumas vinícolas, como algumas clássicas de Napa, e regiões, como o Rhône.

Nós resolvemos mergulhar nessa categoria pura e simplesmente por sua complexidade, mesmo sabendo que encararíamos o desafio do preço: notas animais são mais comuns em vinhos evoluídos, com potencial de guarda, e que estagiaram em madeira, algo que torna a bebida mais custosa.

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