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A multiplicação das cápsulas de café expresso

Com a queda da patente da fabricação da Nespresso, marcas invandiram o mercado

A multiplicação das cápsulas de café expressoFoto:

Que a cápsula mudou o mundo do café todo mundo sabe. Mas no último ano o que ela tem mudado de forma surpreendente é o mercado brasileiro. Quando caiu a patente da fabricação de cápsulas para máquinas da Nespresso, há dois anos, e começaram a surgir outras marcas de café em cápsula, o Paladar teve dificuldades para reunir opções para fazer uma prova – conseguimos apenas quatro marcas.

Um ano atrás, somente oito empresas ofereciam café em cápsulas no Brasil. Hoje são mais de 70 marcas de cápsula no mercado nacional, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). E novas marcas continuam surgindo.

“É uma expansão significativa, principalmente se você considera que o mercado de café total ficou estável nos últimos três anos”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.

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FOTOS: Felipe Rau/Estadão

Baristas e especialistas ouvidos pelo Paladar são unânimes ao reconhecer a importância das cápsulas para popularizar o expresso: é prática, não exige treinamento e evita erros na hora de tirar o café. “Se você está no mundo do café, é impossível ignorar as cápsulas”, diz Isabela Raposeiras, do Coffee Lab.

“Se vou a um restaurante que não tem um barista e me oferecem cápsula ou expresso de máquina convencional, eu prefiro a cápsula, porque sei o que virá na xícara”, diz Diego Gonzales, do Sofá Café, sobre a constância do expresso de cápsula.

O Paladar resolveu falar apenas de cápsulas compatíveis com a máquina da Nespresso porque, mesmo com o mercado brasileiro inundado por outros modelos de monodose, a maioria de cápsulas é compatível com ela. Não por acaso: a marca suíça chegou por aqui em 2006 e nadou sozinha no mercado durante muito tempo. Inicialmente cara e rara (hoje o preço baixou e a oferta de modelos aumentou) e com design arrojado, virou presente e item de decoração, instalada na sala.

As outras vieram depois. A máquina da Dolce Gusto foi lançada em 2009 e a Tres, do grupo Três Corações, cujas cápsulas não são compatíveis com a Nespresso, chegaram só em 2013.

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A demanda pelas cápsulas e a concorrência cresceram tanto que a Nestlé está montando fábrica própria em Montes Claros (MG), para produzir máquinas Dolce Gusto. A Nespresso produz equipamentos apenas na Suíça. Hoje, no Brasil, duas empresas dominam o mercado de produção das cápsulas genéricas – a curitibana Lucca e a portuguesa Kaffa, que em menos de um ano já precisou aumentar suas instalações em Ribeirão Preto, de 300 m2 para 1.200 m2 e tem capacidade para produzir 300 cápsulas por minuto.

Luiz Otávio Franco de Souza, da Lucca Cafés Especiais, em Curitiba, entrou no negócio de monodoses em 2013, depois de descobrir numa feira em Viena um fornecedor de cápsulas vazias. Ele enxergou ali uma grande oportunidade de recuperar os clientes que haviam deixado de comprar seus cafés em grãos inteiros e aderido às superpráticas máquinas com monodoses. Desenvolveu uma máquina e passou a encapsular os próprios cafés de cápsula. Hoje, são 15 tipos à venda sob a marca Dop, empresa irmã da Lucca: 10 fixos e cinco microlotes.

A portuguesa Kaffa está de olho no Brasil há quatro anos, mas só instalou sua fábrica, em Ribeirão Preto, em julho do ano passado. Já tem 70 clientes. A empresa só encapsula e não tem marca própria no País. Já produz 189 mil monodoses por dia. “No próximo ano, vamos aumentar a produção em cinco vezes”, afirma o diretor da empresa Nuno Bernardo.

A Nespresso disse, em nota, que a concorrência é “saudável” e melhora a qualidade e as opções dos produtos no mercado. “Este é um segmento que representa apenas 3% do mercado de cafés e com baixa penetração no Brasil, ou seja, o potencial de crescimento é bastante alto”, informa a nota. A empresa ainda disse acreditar em seus “diferenciais como qualidade e sustentabilidade” como vantagens nesse universo competitivo.

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Tão competitivo que vêm mais cápsulas por aí. O e-commerce de vinhos Wine e o grupo de café Tristão se uniram para entrar forte no ramo no País. Eles compraram a tecnologia da suíça Mocoffee (não compatível com a Nespresso) e vão lançar cápsulas produzidas com a consultoria de Isabela Raposeiras. As primeiras devem chegar ao mercado no início de 2016 e a ideia é vender apenas café brasileiro em todas as suas filiais mundo afora. “Vamos mudar a origem do grão sem mudar o padrão de intensidade e sabores”, promete a barista.

Tanta oferta dificulta a escolha, por isso, reunimos especialistas, compramos cápsulas de 20 variedades que encontramos e colocamos à prova.

 

Furo na cápsula diminui vida útil

A maioria das cápsulas produzidas no Brasil é de plástico, com a tampa de alumínio. O País ainda não tem a tecnologia para fazê-las inteiras de alumínio. Essa é essa a maior diferença entre as nacionais e as da Nespresso. A maior parte das cápsulas de plástico têm um microfuro no topo (recurso para que aguente a pressão da extração sem explodir), o problema é que ele deixa entrar ar, que oxida o café.

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E aí vai a primeira dica de compra: prefira embalagens individuais. É que, quando várias cápsulas são embaladas no mesmo saco, se você abrir a embalagem para retirar a primeira, o ar começa a entrar pelos microfuros das outras – nesse caso, guarde em pote tampado e consuma entre 5 e 7 dias.

Prefira as que são embaladas individualmente – entre as 20 provadas, só três (Octavio, Orfeu e Pilão) têm sacos individuais.

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E dá para reaproveitar cápsulas? Em setembro de 2013, o barista Leo Moço mostrou como prepara as monodoses com cafés especiais em cápsulas alternativas que importa da França, e o repórter Daniel Telles Marques tentou recarregar cápsulas originais da Nespressos já utilizadas.

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>> Veja a íntegra da edição de 22/10/2015

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