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Bebida

Bill Murray, barman no Brooklyn

Ator comandou o bar (e bebeu um tanto) na inauguração do bistrô de seu filho em Nova York

 . Foto: Daniel Krieger|NYTFoto: Daniel Krieger|NYT

The New York Times De Nova York

Muitos restaurantes oferecem uma noite para amigos e familiares antes da inauguração formal, como se fosse um ensaio para a coisa real. Foi esse o caso, em meados de setembro, no 21 Greenpoint, bistrô do Brooklyn anteriormente conhecido como River Styx. Estava sendo reinaugurado, com os mesmos proprietários, com um novo cardápio e uma nova aparência. A maioria das noites é íntima, mas não dessa vez. Havia equipes de filmagem na calçada e uma fila de pessoas que se estendia desde a Greenpoint Avenue até quase o East River, a mais de um quarteirão dali.  Um dos proprietários do restaurante, Homer Murray, divulgou que haveria um barman especial trabalhando naquela noite: seu pai, o ator e herói popular urbano Bill Murray. Porém, às sete e quinze, o astro de 65 anos de idade de Os Caça-Fantasmas, Feitiço do Tempo e Encontros e Desencontros ainda não havia chegado para assumir seu posto, o que estava marcado para as sete.

  Foto: Daniel Krieger|NYT

Lá dentro do 21 Greenpoint, o jovem Murray e o responsável pelo bar do restaurante, Sean Patrick McClure, um veterano do Le Bernardin e do Dirty French, estavam de olho na multidão que só fazia crescer. Ao tentar descrever as habilidades de seu pai no bar, Homer Murray disse: "Ele só enche os copos das pessoas de Vodca Slovenia quando elas parecem estar com sede. O negócio dele é eficiência. Faz o que é preciso". A multidão parecia se espremer contra as portas pouco antes da sete e meia e o proprietário decidiu abri-las, mesmo que a atração principal ainda não tivesse chegado. Às oito e cinco, Bill Murray finalmente apareceu. O lugar foi iluminado pelo flash dos smartphones enquanto ele se dirigia ao bar. Quem não tentava capturar uma imagem para a conta do Instagram lhe deu uma salva de palmas. Sua primeira atitude foi pegar uma garrafa de Vodca Slovenia atrás do balcão. Ele tirou a tampa preta e quadrada, serviu uma dose, bebeu e colocou um boné na cabeça, em meio a aplausos. Então, começou a trabalhar.

Bill Murray: bar, vodca, mão à obra. Foto: Daniel Krieger|NYT

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Aqueles que gritavam nomes de coquetéis complicados não eram atendidos, mas quando alguém disse "mescal e gelo", o barman convidado serviu imediatamente. Murray foi igualmente rápido com as doses de tequila, para si próprio e para quem pedisse. Conforme ia trabalhando, ia cantando – Disco Inferno, Higher Ground de Stevie Wonder, Miss You e Street Fighting Man dos Rolling Stones. Um sujeito perguntou se ele sabia fazer um Bellini. "Conheço algumas pessoas que sabem", disse Murray. Não atendeu ao pedido de outro sujeito. Insistiu até que outro cliente tirou o chapéu. McClure havia preparado um coquetel com vodca, amaro e botões de rosa em homenagem à reabertura do restaurante e disse que ainda não o havia batizado. Murray deu um gole da bebida, com os olhos fechados. Aí olhou para o autor da obra e disse: "The Depth-Finder" (aquele que busca a profundidade, em tradução livre). E assim, esse será seu nome (clique aqui para ver a receita).

Bill Murray dá nome ao drinque de vodca, amaro e rosas. Foto: Daniel Krieger|NYT

Os pedidos continuavam chegando. Os smartphones continuavam piscando. Murray passou uma dose de bourbon para um cliente, dizendo: "O velho vovô vai fazer você se sentir mais inteligente". Quando outro barman fazia um coquetel, Murray roubou a coqueteleira e bebeu o que havia lá dentro. Um pouco mais tarde, ele disse, meio que sussurrando: "Ninguém está me dando gorjeta". Um grupo de bombeiros chega ao local, esperando tirar uma foto com o convidado especial. Murray pegou um abacaxi do bar e o embalou como um bebê enquanto posava para a foto com eles.

O caça-fantasmas encontra os bombeiros. Foto: Daniel Krieger|NYT

Conforme a noite ia passando, ele deixou seu posto por uns instantes e quase trombou com uma jovem. Como que para compensar seu lapso, ele colocou as mãos nos ombros da moça, beijou seu nariz e lhe disse que era linda. Lá pelas 10 da noite, a música parou e Murray, com uma bebida na mão, fez um gesto na direção de um dos proprietários. "Este é meu primogênito, Homer. E fico muito feliz, por mim, por seus irmãos e irmãs e por sua mãe e todos vocês, por ele ter resolvido não seguir os negócios da família. Preferiu usar a alegria da família – tomar uma bebida, fazer uma refeição e reunir os amigos em um só lugar – e fez disso o trabalho da sua vida. Ao meu filho e seus amigos, seu trabalho e todos os seus parceiros. Homer Murray!" Mais aplausos da multidão. McClure elogiou o desempenho de Bill Murray. "Um mixologista simplesmente sabe como misturar bebidas; um barman sabe como tocar um bar, interagir com os clientes, se divertir, conversar com eles. Bill é um barman."

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Entre flashes, aplausos e coqueteleiras. Foto: Daniel Krieger|NYT

Murray parecia cansado ao final de seu turno. Quando perguntado o que havia aprendido nesse trabalho, ele disse: "Bem, se seu ajudante não passar os copos certos" – e olhou para o outro barman – "você precisa usar a criatividade, pois vai ter que fazer uma bebida com o copo que está disponível. E isso, para mim, é a vida de quem presta serviços".

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