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Brancos capazes de convencer qualquer macho latino

Em Portugal, sempre houve certa reticência em relação aos vinhos brancos. Vinho é tinto, diziam os homens de barba rija. Mas hoje há brancos capazes de convencer qualquer macho latino com sua estrutura, frescura, mineralidade e presença. E isso se deve ao trabalho de produtores e enólogos que acreditaram em nossas castas.

Brancos capazes de convencer qualquer macho latinoFoto:

O caminho para chegar até aqui não foi fácil. Portugal tem aquela mania de querer ver comprovado por gente de fora o que todos já deveriam saber: que nossas castas brancas, tal como as tintas, são riquíssimas e variadas. Foi preciso jornalistas internacionais, como a famosa Jancis Robinson, vir dizer isso em público para se começar a dar valor aos vinhos portugueses, incluindo os ditos brancos que hoje dão o que falar.

Castas brancas como a Alvarinho (nos Vinhos Verdes), a Encruzado (no Dão) ou Arinto (em Lisboa) são bons exemplos que, principalmente nas suas regiões de origem, brilham em provas em qualquer parte do mundo. Fiz há poucos anos uma prova memorável de vinhos da casta Encruzado das colheitas de 1959, 1964, 1974, 1980 e 1992 no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, em Nelas, (no Dão), e todos eles estavam em excelente estado de conservação. Outra prova inesquecível foi na região dos Vinhos Verdes, com vinhos da casta Alvarinho, com mais de 20 anos. Essas castas de imensa frescura revelam bem sua riqueza, seu imenso potencial de envelhecimento e complexidade.

Mais ou menos frescas ou complexas, mais ou menos aromáticas, temos ainda outros exemplos como a Loureiro (Vinhos Verdes), a Arinto (que apesar de ser ter adaptado a diversas regiões portuguesas mostra seu melhor potencial em Bucelas, nos arredores de Lisboa), a Antão Vaz (no Alentejo) ou a Malvasia Fina (no Douro). Há ainda a Verdelho (na Madeira), Maria Gomes (na Bairrada) ou Moscatel (na Península de Setúbal), entre tantas outras.

Vai aqui a sugestão de meia dúzia de brancos portugueses que é preciso provar.

Muros de Melgaço Alvarinho (Anselmo Mendes, Vinhos Verdes). Anselmo Mendes é um dos produtores portugueses que melhor trabalha a Alvarinho. Esse é um branco que envolve desde o primeiro contato, com notas frutadas e citrinas, complementadas com a madeira em que estagiou. Cativante, elegante, fresco e sofisticado definem este grande vinho.

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Redoma Reserva (Projectos Niepoort, Douro). Com mineralidade ímpar, tem grande frescura de boca, equilíbrio entre fruta e acidez, corpo elegante e final de boca harmonioso.

Maritávora Reserva (Quinta de Maritávora – Douro). As uvas que dão origem a esse vinho vêm de uma vinha velha pequenina, com mais de 100 anos. Possui grande complexidade aromática, mas é na boca que mostra seu poder, dando a conhecer uma mineralidade difícil de alcançar, de forma tão autêntica, nos vinhos portugueses. Elegante e fresco, não é um vinho fácil, mas é cativante.

Condessa de Santar 2007 (Global Wines – Dão). Elegantíssimo branco elaborado com as castas Encruzado, Cerceal branco e Arinto. Apresenta um aroma floral, com leves notas de fruta e da madeira em que estagiou. Na boca é frutado, estruturado, envolvente e muito elegante, com uma acidez muito equilibrada.

Julia Kemper – (Cesce Sociedade Agrícola – Dão). Elaborado a partir das castas Encruzado e Malvasia Fina, em quantidades iguais, esse vinho foi vinificado em duas fases. A primeira, com fermentação parcial em barricas de carvalho francês com processo de bâtonnage e a segunda, em sistema de bica aberta em cuba de inox com temperatura controlada. Um branco de grande complexidade aromática, com as notas frutadas, florais e minerais, muito bem conjugadas. De estrutura firme, com madeira na medida certa, é um branco muito elegante.

Pêra Manca (Adega Cartuxa, Alentejo). Esse Antão Vaz e Arinto é elegante e perfumado e apresenta um aroma de frutos tropicais, de onde sobressaem notas de madeira. Na boca é untuoso e envolvente, frutado, com boa acidez e persistência. Muito equilibrado, apresenta um bom potencial de envelhecimento, pelo que será interessante guardar umas garrafas para provar daqui a alguns anos.

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