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Bebida

Com o fim do embargo, os EUA podem voltar a tomar o legítimo rum cubano

Por Jennifer KayAssociated Press

Com o fim do embargo, os EUA podem voltar a tomar o legítimo rum cubanoFoto:

Nos EUA, fãs de rum estão empolgados com a possibilidade de preparar Cuba Libre com rum cubano autêntico, agora que será possível trazer para os EUA a bebida destilada na nação comunista.

O afrouxamento nos limites de itens que turistas americanos podem trazer de Cuba significa que eles poderão consumir pequenas doses de rum nos EUA. Mas com o embargo ainda funcionando, não vamos ver uma invasão da bebida em bares e nos mercados.

Barris de rum em Barbados. FOTO: Piotrs Redlinski/NYT

Ainda não está claro o que isso pode significar para o gigante da indústria Bacardi, que foram expulsos de sua unidade cubana em 1959 pela revolução de Castro. No passado, a empresa deixou aberta a possibilidade de voltar a sua pátria. Mas representantes da Bacardi não deram detalhes, na última quinta, quando foram perguntados se tinham algum plano caso o embargo de mais de 50 anos para produtos cubanos acabe, principalmente agora que o presidente norte-americano, Barack Obama, está trabalhando para normalizar as relações com o país.

“Desejamos melhoras significativas na vida do povo cubano e vamos acompanhar as mudanças com bastante interesse”, a empresa declarou. A Bacardi disse que está esperando para ver que efeitos o descongelamento das relações entre Cuba e EUA podem ter.

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Em 1997, a Bacardi comprou os direitos legais da receita e do nome do Havana Club, um famoso rum criado em 1935 por uma família cubana que eventualmente fugiu da revolução de Castro. A Bacardi usou o nome e a receita para um rum que destila em Porto Rico.

Mas o nome ficaria enrolado em uma longa briga de copyright nos EUA com uma produtora francesa de vinhos e bebidas, a Pernod Richard. A empresa, em parceria com a Cubexport, de propriedade do estado cubano, já vendia rum Havana Club, destilado em Cuba, em outros países.

Seguiram-se cerca de 20 anos de brigas judiciais. No fim, uma corte decidiu que a Bacardi poderia continuar vendendo o Havana Club nos EUA. Em 2012, a Suprema Corte dos EUA recusou rever essa decisão, dando ao Bacardi’s Havana Club o sinal verde para vendas nos EUA.

Para diferenciar seu rum, e antecipando uma eventual suspensão do embargo, a Pernod Richard então anunciou o registro do nome Havanista nos EUA, para um dia poder vender rum destilado em Cuba em solo americano.

Hoje, o Bacardi’s Havana Club, ainda destilado em Porto Rico, é uma garrafa exclusiva, difícil de encontrar e vendida em pequenas quantidades. Bacardi, que tem sua sede mundial em Bermuda, vende mais de 18 milhões de caixas de rum no mundo todo a cada ano. As poucas garrafas que vão pingar nos EUA vindas nas malas de viajantes americanos não devem oferecer muita competição. Ainda assim, a nova política é um sinal encorajador para destiladores cubanos, disse Robert A. Burr, fundados do Miami Rum Renaissance Festival.

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“Ainda não é um sinal verde, mas há uma luz no fim do túnel, o começo do fim dessa invisibilidade” no mercado americano, disse Burr. Turistas americanos licenciados que viagem para Cuba poderão trazer de volta 400 dólares em mercadorias, dos quais 100 dólares podem ser gastos em álcool e tabaco. Como o resto da lista de liberações e restrições anunciada na última quarta, as regras para o rum só passam a valer quando as novas regras forem revisadas e publicadas – o que pode demorar semanas.

E as leis americanos ainda proíbem americanos de driblarem esses limites comprando rum ou charutos em outros países e levando-os para casa. O mercado de rum vem crescendo nos EUA. As importações cresceram de 72,5 milhões de dólares em 2009 para 98,4 milhões de dólares em 2013, de acordo com a Associação de Bebidas Destiladas dos EUA. As vendas aumentaram ligeiramente no último ano, para 25,6 milhões de caixas, e as versões com sabores foram mais da metade das garrafas vendidas.

Além do apelo de “fruto proibido”, o rum cubano é conhecido pela cor mais clara e expressão mais delicada do que as versões escuras e pesadas produzidas em outros lugares do Caribe, disse Burr. O rum é um produto de exportação popular – parece que toda ilha caribenha, além de países sul e centro americanos, têm sua própria verão – e os consumidores geralmente permanecem leais às marcas, mesmo quando estão longe de casa.

“Em Miami, o mercado de rum é parcialmente baseado em etnias, com os colombianos bebendo rum colombiano e os venezuelanos bebendo rum venezuelano”, explicou Burr. “Bom, há muitos cubanos aqui, não há? Alguns podem dizer que se beberem rum cubano estarão dando dinheiro a Castro, mas eu acho que alguns vão dizer ‘finalmente posso beber os rums de Cuba.’”

Em 2012, o presidente da Baracdi, Facundo Bacardi, tataraneto do fundador da empresa, disse ao site Cigar Aficionado que “oferecer ao mundo um rum Bacardi feito em Cuba – vai acontecer.”

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“Muitas empresas vão olhar para Cuba como uma oportunidade comercial, mas nós não vemos necessariamente dessa forma,” ele disse. “Vemos da perspectiva de exilados cubanos voltando para casa.”

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