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Bebida

O vinho pode não amarrar a boca. Mas vai amarrar o bolso

Isabelle Moreira Lima

O vinho pode não amarrar  a boca.  Mas vai amarrar  o bolsoFoto:

Não está fácil encher a taça de vinho. E a perspectiva é de que a situação fique ainda pior até o fim do ano. Além da inflação e da alta do dólar – que na semana passada chegou à maior cotação em 12 anos – agora, uma mudança de tributação vai aumentar ainda mais o preço da bebida que já vem sofrendo forte escalada.

A partir de 1.º de dezembro, o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) passará a ser de 10% do preço de venda da garrafa. Antes, o imposto era cobrado por um sistema de alíquotas e saía a R$ 0,73 para o litro do vinho nacional e para o dos importados até US$ 70. Agora, se uma garrafa de 750ml custa R$ 30, sairá a R$ 33 com o novo IPI – ou seja, são R$ 3 de imposto, mais do que o triplo da tributação anterior. Quanto mais aumenta o preço, maior o impacto: uma garrafa de R$ 150 pagará R$ 15, passando a custar R$ 165.

A nova regra afeta tanto rótulos nacionais quanto importados. E a notícia acabou com o ânimo dos produtores brasileiros, que começavam a se entusiasmar com a possibilidade de ganhar mercado diante da alta dos vinhos importados.

FOTO: Kim Kyung-Hoon/Reuters

IntervaloA nova tributação não afeta o vinho que está em estoque nas lojas. Ela só vale para as garrafas que forem comercializadas a partir de dezembro. O problema é que a mercadoria com o dólar flutuando em torno de R$ 3,85 não há importador que se arrisque a fazer encomendas e aumentar os estoques agora, antes de escoar o que já tem aqui. Os vinhos mais caros serão os mais afetados pela mudança de tributação. E isso pode, em tese, reduzir a oferta de grandes vinhos no mercado brasileiro. Quanto mais caro o rótulo, maior o IPI. “Quem quiser vinho mais sofisticado, mais caro, vai acabar comprando lá fora”, avalia Celso La Pastina da World Wine.

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Os produtores brasileiros estão preocupados em manter a competitividade. No mercado, especula-se que os preços do vinho nacional devem subir cerca de 20%, como consequência da inflação e da mudança de IPI no próximo ano.

Na choradeira geral, já tem gente dizendo que o brasileiro não bebe vinho, bebe impostos. Os tributos que incidem sobre o vinho no Brasil, além do IPI, são o ICMS, o PIS e o Confins sobre consumo e também sobre folha de pagamento, imposto de renda e contribuição social.

FOTO: Dean Cox/The New York Times

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga tributária que antes era de 54,73% agora passa a ser 55,39% para os vinhos nacionais. Para os estrangeiros, que pagam ainda tributos incidentes da importação, a nova carga será de cerca de 62%, afirma o presidente-executivo do instituto, João Eloi Olenike.

Destilados Para os destilados o novo IPI é ainda mais alto. Pelo novo sistema, uísques, vodcas, licores e gins pagarão 30% do valor do produto; aguardentes, 25%; cachaças, 20% e vermutes 15%. O novo IPI para sidras é o mesmo dos vinhos, 10%. Você não precisa tentar guardar as porcentagens, basta saber que da caipirinha ao dry-martini, os coquetéis vão ficar mais caros em breve.

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>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 10/9/2015

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