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Bebida

Perdida em três noites frias – sem vinho

Nossa peregrinação em busca de botecos com boa oferta da bebida falhou – o vinho é maltratado pelos bares em São Paulo. Se a cerveja saiu do bar e foi para o restaurante, resta aos tintos e brancos tomar a rota inversa

Perdida em três noites frias – sem vinhoFoto:

Por Daniela Bravin

A tarefa parecia fácil: as noites estavam frias e seria ótimo tomar um vinho para me aquecer. Mas ao longo das três madrugadas geladas em que peregrinei em busca de vinhos servidos em botecos em São Paulo tive que me aquecer com um copo de uísque.

FOTO: Nilton Fukuda/Estadão

Fui com a pergunta: existe vinho nos botecos de São Paulo? Até onde sei, existe amor e tudo o mais. Hoje, esse amor todo está embalado em garrafas de 600 ml de cerveja bem gelada.

Foram 24 bares em bairros distintos. Bairros onde vigora a vida noturna e etílica da cidade (que, convenhamos, já foi melhor). Parti de Higienópolis, onde moro, e segui pela Rua Maria Antônia.

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Nada de vinho em canto algum, embora esmeradas cartas de cerveja pipocassem aqui e ali. O vinho até existia, mas estava empoeirado entre outras bebidas esquecidas.

Dali para a Praça Roosevelt e a mesma constatação: Gato Negro, Santa Helena e Concha y Toro, esquecidos e empoeirados. Para os corajosos, vinho da casa: suave, servido em taça. No, gracias.

Subindo a Rua Augusta, o cenário melhora sutilmente. Garrafões e San Tomé imperam até chegar aos lugares arrumadinhos: Sancho (caro) e Atenas Café (boa oferta e bom preço) têm algumas opções, mas nada além do óbvio. Pinheiros perdeu a vocação para a vida noturna quando abraçou seu ar gastronômico. Os poucos botecos que sobreviveram não estão preocupados em servir vinho.

Na Vila Madalena parece piada: provei cervejas espetaculares e cachaças idem. Vinho? Não vi, não sei, não conheço… Um gato negro acaba de passar e ninguém notou. Periquita? Sim, está em grande parte desses botecos, mas não existiria outro porto seguro para os enófilos botequeiros?

Contrariando os enormes investimentos em vinho da parte de supermercados e empórios fica a questão: por que os bares não fazem o mesmo?

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>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 24/7/2014

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