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Produção mundial de vinho cai e pode chegar ao nível dos anos 1960

Problemas de clima nos maiores produtores do mundo, França, Espanha e Itália, explicam a queda e a previsão pessimista

O clima fechou para o vinho em 2017. Um relatório divulgado nesta semana pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) afirma que as geadas e ondas de calor registradas ao longo do ano em vinhedos europeus podem levar os índices de produção mundial para os dos anos 1950 e 1960. Parece alarmista, mas o problema é que os países mais atingidos, França, Espanha e Itália, são justamente os maiores produtores de vinho do mundo. Em relação ao ano passado, que já foi ruim, a baixa estimada é de 8,7%. 

Na França, os produtores de vinhos tiveram uma primavera de desolação, com geadas terríveis, as piores em 25 anos, em Champagne, Borgonha e Bordeaux, que cogitou não editar sua safra 2017. 

Nas Américas, as previsões são mais alvissareiras. Estados Unidos devem manter o nível de produção, apesar do recente incêndio na Califórnia. Na América do Sul, a Argentina é o maior produtor e o Brasil recuperou o fôlego em relação ao ano passado, mais que dobrou o número de garrafas produzidas desde o ano passado. 

  Foto: Christian Hartmann|Reuters

A preocupação com a queda dos grandes produtores é óbvia porque afeta todos os bebedores de vinho - e mais especificamente seus bolsos. A escassez pode fazer com que preços de vinhos mais desejados sigam a lei do mercado e subam. Por outro lado, ainda há muitos vinhedos europeus intocados pela fúria do clima e certo otimismo em relação à qualidade do que foi salvo nos vinhedos. 

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E afeta principalmente o sabor da bebida. Com a mudança climática, uvas que não se davam bem em determinadas regiões podem passar a imperar. Pesquisa do pesquisa do Instituto de Ciência dos Vinhedos e do Vinho (ISVV) apresentada na coluna Prato-Cabeça de Roberto Smeraldi, conclui que o impacto do clima irá na contramão das novas tendências no gosto do consumidor, que buscam hoje vinhos mais elegantes, menos opulentos e corpulentos, numa espécie de “desparkerização” do paladar. "Mas são exatamente esses os atributos que a mudança climática favorece, o que vai obrigar os produtores a um dever de casa redobrado para valorizar a acidez e diminuir o teor alcoólico", escreveu Smeraldi. Um desafio e tanto.

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