Nem todo ano é ano de Barca Velha, um dos mais célebres vinhos portugueses, desejado por enófilos nos quatro cantos do mundo. Em 64 anos, houve apenas 18 edições. A última é a de 2008, que está sendo apresentada agora. A boa notícia é que o vinho está chegando ao Brasil. Para os portugueses, o lançamento é de “emoções fortes”, “para dissipar todas as dúvidas e incertezas”, como informa o texto oficial da produtora, a Casa Ferreirinha.
Por aqui, para garantir a emoção, é preciso reservar a garrafa na importadora Zahil e desembolsar R$ 3,1 mil. E se estiver interessado, corra, pois a produção é mínima, apenas 18 mil garrafas.
É um vinho com caráter particular, diz seu pai, o enólogo Luis Sottomayor. E esta safra não foge à regra. “Sua marca é a austeridade e a contenção, que proporcionam um certo aspecto misterioso”, afirma. No nariz, isso quer dizer, especiarias, caixa de charuto e um toque balsâmico, além do desejado sous-bois (aroma de bosque, terra úmida, cogumelos). Na boca, muito equilíbrio, volume e persistência.
A vinificação é feita na Quinta da Leida, de onde vêm as uvas (Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão), que passam pelos tradicionais lagares. Do Douro, o vinho segue para Vila Nova de Gaia, onde fica 18 meses em barrica de carvalho francês novo antes e passa por infindáveis provas e análises até receber a etiqueta com a gravura medieval.
Desde 1952, quando nasceu pelas mãos de Fernando Nicolau de Almeida, o vinho é recebido com grande expectativa. Sottomayor confessa que sente certo peso por ser o responsável pelo vinho. “Mas o privilégio de trabalhar com uma marca tão emblemática suplanta tudo.”
Para os privilegiados que conseguirem comprar, fica a dica da ficha técnica: “Sugere-se saborear com calma”.
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