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Bebida

Vinho de 150 anos tinha gosto de ‘caranguejo, gasolina e vinagre’

Harriet McLeod Reuters

Vinho de 150 anos tinha gosto de ‘caranguejo, gasolina e vinagre’Foto:

Uma garrafa de vinho recuperada há quatro anos dos resquícios de um navio da Guerra de Secessão que naufragou em 1864 na costa das ilhas Bermudas foi aberta e bebericada por um painel de especialistas nesta sexta-feira, durante um festival de comida em Charleston, Carolina do Sul.

O veredito: um inebriante bulquê de enxofre com distintas notas de água salgada e gasolina.

O vinho foi aberto em um evento da Charleston Wine+Food chamado “Das profundezas: Um evento de vinho preparado há 150 anos.” Cerca de 50 pessoas compraram ingressos para observar enquanto a degustação pelo painel de experts na noite de sexta, dizem os organizadores.

“Já tomei vinhos de naufrágios antes”, diz o mestre sommelier Paul Roberts. “Eles podem ser ótimos.”

Esse, obviamente, não era.

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Para estrondos de audiência da plateia, o painel disse que o nebuloso líquido amarelo-acinzentado cheirava e tinha sabor de uma mistura de água de caranguejo, gasolina, água salgada e vinagre, com toques de álcool e cítricos.

Poderia ter sido um vinho fortificado espanhol, um destilado ou remédio. Mas, depois de 151 anos no fundo do mar, é em grande parte água salgada, dizem eles. O químico de vinhos Pierre Louis Tessedre, da Universidade de Bourdeaux, que analisou amostras retiradas através da rolha anteriormente disse que o nariz do vinho era uma mistura devastadora de cânfora, água parada, hidrocarbonetos, terebintina e enxofre. Uma análise mostrou índice de álcool de 37%, afirma o acadêmico.

O vinho era uma das cinco garrafas fechadas recuperadas por arqueólogos marinhos do Mary-Celestia, um barco a vapor com rodás de pás e casco de ferro que afundou em circunstâncias misteriosas durante a Guerra de Secessão.

O barco deixava as ilhas Bermudas com suprimentos para os Estados Confederados quando atingiu um recife de coral e afundou em seis minutos, diz Philippe Rouja, antropológo cultural responsável por naufrágios do governo das Bermudas. Há debates quanto a se o naufrágio foi proposital ou acidental.

Rouja e seu irmão, Jean-Pierre Rouja, mergulhavam no local do naufrágio em 2011 depois que tempestades de inverno atingiram o local. Eles encontraram uma garrafa de vinho dentro de um armário secreto de contramestre na proa.

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Mergulhos posteriores descobriram as outras garrafas, assim como frascos fechados de perfume, sapatos femininos, escovas de cabelo e botões de pérolas, diz Philippe Rouja.

Esse ano marca o 150º aniversário do fim da Guerra de Secessão, travada entre 1861 e 1865, que começou na Baía de Charleston com a Batalha de Fort Sumter.

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 12/3/2015

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