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Comida

Amado, com cravo e canela

Por Amanda Nogueira

Paulinho Martins em apresentação (. Foto: Amanda Nogueira)Foto: Amanda Nogueira)
Paulinho Martins em apresentação ( Foto: Amanda Nogueira)

Deitado na rede de um resort, tomando cerveja com a filha de Jorge Amado foi que o chef Paulinho Martins aprendeu os gostos do escritor baiano. Pitu e jaca, os preferidos. Paloma Amado foi entregando pouco a pouco as receitas de família e o que comia o pai. Paulinho fez o dever de casa e leu o quanto pode da literatura, se apaixonou. Montou, inclusive, um menu inteiro inspirado nos livros para o evento Saberes e Sabores do amado Jorge. Na 6ª edição do Paladar – Cozinha do Brasil, o chef do Bataclan, antigo bordel de Maria Machadão, compartilhou algumas dessas criações.

“Vou ser obrigado a contar coisas que ainda não tão na novela”, avisa à plateia, fazendo referência à novela que conta a famosa história do escritor, Gabriela, cravo e canela. Ele narra a cena em que Nacib demite Gabriela e contrata um cozinheiro francês que prepara uma porção de molhos e maionese. Tudo isso para dizer que quando Jorge Amado queria falar de comida ruim, lá vinha maionese. “‘Meu pai gostava de comer uma salada com ovo cozido e azeite’, me contou, ‘mas isso é maionese’, eu disse, ‘é, mas não podia falar pra ele’”, reconta Paulo a conversa que teve com Paloma. Por isso a emulsão – incrementada com caldinho picante de lambreta – compõe a receita de lambreta cozida ao vinho branco e servida sobre aipim.

Quibe cru de guaiuba ( Foto: Amanda Nogueira)

“Jorge Amado se autodenominava um baiano romântico e sensual. Toda a obra dele é assim. Mas como expressar sensualidade com a cozinha?”, expõe Paulinho o seu dilema. A resposta? Precisa ter aroma, crocância, sabor e cor. Ele conseguiu vencer o desafio em seu quibe cru de guaiuba com salada de cebolas e hortelã ao molho de iogurte e pepino. O prato é uma forma muito agradável de servir peixe cru e pretende ser uma entrada simples e bacana.

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Salada de feijão de corda com rosbife de capivara ( Foto: Amanda Nogueira)

“Papai era apaixonado por feijãozinho de corda”, disse Paloma e Paulinho já matutou um bom acompanhamento: rosbife de capivara, servido com a borda bem tostada, mas com o miolo ainda mal passado. O “arroz de pato de Gabriela, cozido com cravo e canela” – “cravo é um só″, alerta o chef – arrancou suspiros de quem comeu. Para esta receita, “tem que investir no vinho, gastar na garrafa”, conta o segredo. Para quem quiser se aventurar na literatura, já pra cozinha.

Arroz de pato de Gabriela ( Foto: Amanda Nogueira)

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