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Comida

Assim digere a humanidade

Contar a saga da alimentação do homem é quase tão difícil quanto resumir a própria história humana. A exposição ‘Nossa Cozinha Global’, em NY, porém, consegue chegar fascinantemente perto. O Paladar, é claro, foi comprovar

Assim digere a humanidadeFoto:

Por Olívia FragaDe Nova York, especial para o Estado 

Os dioramas dos povos do mundo no Museu de História Natural de Nova York pareciam estar esperando por esse momento: pela primeira vez, a alimentação é tema de uma mostra especial naquela que é uma das instituições de maior prestígio nos EUA. Our Global Kitchen: Food, Nature, Culture (Nossa Cozinha Global: Comida, Natureza, Cultura) fica em cartaz até 11 de agosto de 2013.

“Esse é o tipo de evento que consegue resumir o trabalho de milhares de pessoas envolvidas com comida, sociedade, biologia e cultura”, diz Eleanor J. Sterling, diretora do Centro de Diversidade e Conservação do museu e professora na Universidade Colúmbia. “Alimentação é algo trivial, mas hoje, numa escala inédita, a comida fala múltiplas línguas.” Ao lado de Mark A. Norell, presidente da divisão de Paleontologia do museu, ela passou os últimos três anos envolvida na curadoria da mostra.

Encontro. No mercado asteca do séc. 16, o colonizador espanhol conhece o tomate, a batata, a pimenta e o milho. FOTO: Denis Finnin/Divulgação

O resultado é um retrato das relações humanas dependentes de um sistema de produção e distribuição de alimentos em constante mudança. As paredes da exposição mostram gráficos que alertam para o colapso agrícola do planeta: 35% de todo grão plantado vira ração para gado e 30% da comida produzida no mundo nunca chega à mesa. Filmes falam da obesidade de uns e da desnutrição de outros.

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“Our Global Kitchen” fala do prazer da comida, mas escancara os pontos críticos de a humanidade depender de uma indústria de alimentos, que atua – e interfere – em escala global.

+ De Phelps à múmia dos Alpes

Logo na entrada da exposição, uma das soluções contemporâneas para a distribuição de alimentos em cidades: o jardim vertical hidropônico, montado pela Windowfarms, uma empresa do Brooklyn que dá consultoria para montagem de hortas urbanas e mostra como a tecnologia pode salvar espécies e alimentar milhões de pessoas.

O maior diorama, no sala central, mostra, em 1519, o encontro dos espanhóis com a cultura asteca numa feira de rua em Tenochtitlán – onde hoje é a Cidade do México –, momento definidor da agricultura moderna. Foi ali que o europeu tomou conhecimento do tomate, das pimentas, das batatas, do milho.

No fim, os curadores arriscam a previsão: a dieta do próximo milênio será baseada em algas, milhete, insetos e quinoa.

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CARDÁPIO

Moldada| Melancias cultivadas por japoneses. Eles moldam a fruta com fôrmas de vidro e elas ficam quadradas.

Cerâmica | Esta panela de barro tem origem marroquina. Chama-se tajine a panela e também o prato que é feito nela.

Ovo | Vindo da Ucrânia, onde é tradicional na Páscoa, o ovo, oco, é chamado pysanka. Ele é trocado como presente, nunca comido.

Cultivo | Ala dedicada ao cultivo de alimentos mostra horta urbana no Brasil e reflete a dependência da indústria alimentar. FOTOS: Divulgação

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SERVIÇO - Our Global Kitchen Em cartaz no Museu de História Natural de NY. Central Park West com a rua 79th Horário: das 10h às 17h45, diariamente Ingresso: US$ 25 Site: www.amnh.org

>> Veja todos os textos publicados na edição de 13/12/12 do ‘Paladar’

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