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Comida

Cara de um, nome de outro

CRÍTICAPor Ilan Kow 

Cara de um, nome de outroFoto:

Agora que ele deu uma saidinha, podemos falar em voz alta: Carlinhos não tinha cara de Carlinhos. Missak Yaroussalian entendeu que não sobreviveria ao Pari se mantivesse na escola o nome que trouxe da Síria. Mas, Carlinhos, Carlinhos-mesmo, como tantos filhos de vizinho, colegas de Carlões, ele não era. Olhe para a foto: você acreditaria se ele soltasse um “prazer, Carlinhos”, quando você entrasse na cozinha dele para conhecer o autor dos arais, dos bastrmlach (gosto da versão com menos vogais e mais páprica), do tomate bem assado?

A sabedoria foi adotar o nome de algo que combinava com o restaurante que viria a abrir e que já sabia – desde pequeno sabia, especialmente no recreio sabia – que abriria. Carlinhos não é nome de um Missak, mas de um restaurante que serve arais e bastrmlach, que se autointitula rei da picanha e faz mesmo uma picanha muito boa.

Veja também:O arais está órfão: Carlinhos morreuReceita – O arais do CarlinhosMeus pontos de fuga

Escondido na cozinha, Carlinhos inventou a franquia dele próprio. Apelidou-se de um nome que não era a sua cara, mas que tem o jeitão desse restaurante simpático, em que os filhos dele o recebem com boas-vindas e você se sente bem-ido, em que a comida é simples e saborosa, em que os preços são muito bons. Não: os preços não são bons. Nunca se deve elogiar o preço. Tenho achado até meio caro. Ei, vocês, seus Carlinhos, o que é isso? Que abuso! Foi só o Carlinhos sair…

>> Veja todos os textos publicados na edição de 7/2/13 do ‘Paladar’

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