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Empresário leva modelo de negócios de artistas para o mundo dos chefs

Conheça a história de Fábio Moreira, agente de cozinheiros como Bel Coelho, Felipe Bronze e Thiago Castanho

O agente de cozinheiros Fábio Moreira, que organiza a carreira (e a agenda) de chefs renomados como é comum no meio artístico. Foto: Mauro Holanda|DivulgaçãoFoto: Mauro Holanda|Divulgação

Seria exagero dizer que ele inventou uma profissão. Mas é quase isso. Fábio Moreira é um empresário de cozinheiros. Não faz assessoria de imprensa nem tem uma “agência de conteúdo”, termo que anda em alta entre os profissionais que promovem chefs e restaurantes nos meios de comunicação. Ele é agente mesmo, administra a carreira e os negócios de um trio de porte: Felipe Bronze, dono do Oro e do Pipo, no Rio, e apresentador do programa Perto do Fogo, do GNT; Bel Coelho, que tem o Clandestino, na Vila Madalena; e Thiago Castanho, dos restaurantes Remanso do Bosque e Remanso do Peixe, em Belém, no Pará. Até o mês passado, era também empresário do casal Janaina Rueda, do Bar da Dona Onça, e Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco. 

O agente de cozinheiros Fábio Moreira, que organiza a carreira (e a agenda) de chefs renomados como é comum no meio artístico. Foto: Mauro Holanda|Divulgação

A partir do perfil do chef, Fábio avalia o potencial de faturamento, traça uma estratégia e sai em busca de oportunidades como palestras, livros, cursos, eventos, comerciais. “Tenho que sonhar o sonho do cara”, diz. “Me transformo em sócio, por isso preciso zelar pela carreira, vetando tudo o que pode comprometê-la”, afirma. Sócio, no caso, não é força de expressão. Ele tem participação de 20% no faturamento dos chefs. Só não participa dos resultados dos restaurantes.

Não por acaso, tem sido incansável na busca de oportunidades para seus clientes. Às vezes a demanda é tanta que ele tem de ser persuasivo. Há alguns dias, usou o argumento de vendedores de bala no Rio de Janeiro para convencer Bel Coelho a fazer um evento: “Bel, eu não estou roubando, não estou matando, estou te pedindo: faz só mais um evento no período em que a gente vai estar em Las Vegas”. Ela fez.

Outras vezes, o papel dele é impedir um negócio. Foi o que aconteceu há pouco mais de dois meses quando foi contra a participação de Felipe Bronze em um comercial para uma grande rede de fast-food com cachê de R$ 600 mil. “Eu também ia ganhar um monte de dinheiro com isso, mas não dava: a imagem do Felipe ficaria arranhada, fast-food não tem nada a ver com a cozinha dele”, diz.

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O chef Thiago Castanho com Fábio Moreira Foto: Mauro Holanda|Divulgação

Cabe ao empresário também tratar dos cachês. “Chef sabe fazer preço de prato, não sabe calcular cachê. Antes eu cobrava um cachê de R$ 2 mil para fazer um jantar fechado, por exemplo. É muito pouco”, explica Thiago Castanho. O chef paraense afirma que não vê risco de exageros nem de que os chefs sejam transformados em empresas apenas voltadas para o faturamento. “Não é que a gente passe a cobrar por tudo. Faço muitos eventos de graça, claro, mas escolho os que valem a pena”, garante.

Parte importante do trabalho do agente é evitar certos trabalhos. “Ele evita as roubadas”, diz Thiago. Bel Coelho lembra de uma das primeiras roubadas que o agente evitou: “A proposta era trabalhar num suposto Relais & Château em Lyon, mas no fim o cara queria que investisse tempo e dinheiro em troca da honra de trabalhar lá”, conta. A chef diz que, depois de fechar o Dui, só teve coragem de recusar propostas para comandar restaurantes quando Fábio mostrou um monte de possibilidades. “No começo do ano a gente faz um planejamento, pensa quais e quantos eventos vamos fazer, quantas edições do Clandestino teremos”, explica a chef, que mantém a parceria há quatro anos. “Chef não sabe procurar clientes, não é esse o nosso talento”, afirma. Segundo o empresário, Bel tem hoje 70% da agenda ocupada por esse novo formato de negócios. 

O empresário garante que, ali no pedaço deles, não há crise. A melhor prova é a história do próprio Fábio Moreira. Nos últimos quatro anos ele construiu – a partir do zero – um patrimônio que inclui uma empresa com cinco funcionários e três clientes de porte fixos, um salário mensal “equivalente ao de um diretor de multinacional” e um apartamento amplo nos Jardins. Nesse período também se casou e teve duas filhas. 

A chef Bel Coelho, que também conta com a assessoria de Fábio Moreira Foto: Paulo Mercadante|Divulgação

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Carioca do subúrbio, começou a trabalhar aos 12 aos, fazendo bicos na elétrica do pai. Aos 18 anos, entrou em administração na Universidade Federal do Rio e começou a trabalhar na área administrativa da Coca-Cola. Mostrou jeito para o marketing e acabou transferido. A carreira ia de vento em popa até que, aos 21 anos, ele se casou com uma produtora de elenco da Rede Globo, uma mulher bem mais velha e bem relacionada no ramo. Logo se interessou pela área e abriu com ela a CW, uma agência para empresariar artistas. Chegaram a cuidar da carreira de Stênio Garcia, Nívea Maria e dos jornalistas Tadeu Schmidt e Mylena Ceribelli, entre outros. Quando o casamento acabou, Fábio se mudou para São Paulo “sem nada no bolso”, como diz. 

Acabou conhecendo Janaina Rueda e conseguiu emplacar o primeiro evento: uma feijoada para 400 pessoas na agência McCann. Ele propôs a parceria e estava criada a nova profissão. Janaina topou. Logo chegou Bel Coelho, depois Jefferson Rueda, Thiago Castanho e, por último, Felipe Bronze. O empresário garante que não aceita novos clientes. “Não consigo fazer esse trabalho com mais gente. É claro que no futuro devo crescer, mas preciso estar maduro e formar gente para ajudar”, diz.

O chef Felipe Bronze, do Rio Foto: Leonardo Wen|Estadão

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