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Comida

Mulheres boas de brasa

Um grupo de dez profissionais envolvidas no mundo da carne (entre chefs, zootecnista, açougueira e donas de restaurante) se uniu para mostrar que lugar de mulher é, sim, no comando da churrasqueira

Parte das paulistas. Tatiana Bassi, Carolina Barreto, Paula Labaki e Ligia Karazawa. Foto: Iara Morselli|EstadãoFoto: Iara Morselli|Estadão

Especial para O Estado

Elas sujam a mão com o carvão, controlam o fogo e o ponto da carne. São ‘As Braseiras - Mulheres da Brasa Brasileira’, um grupo de dez profissionais envolvidas no mundo da carne (entre chefs, zootecnista, açougueira e donas de restaurante), que se uniu para mostrar que lugar de mulher é, sim, no comando da churrasqueira. 

A idealizadora do grupo, Carolina Barreto, conta que teve de superar a desconfiança nos 13 anos em que trabalhou em frigoríficos – ela passou pelo JBS, Marfrig, Independência, onde era a responsável por traçar estratégias na criação de gado com o produtor. Única mulher na área, teve habilidades profissionais muitas vezes questionadas. Em um universo tão dominado por homens, as viagens a trabalho permitiram que Carolina conhecesse diversas profissionais talentosas, mas isoladas geograficamente. Daí veio o estalo: por quê não unir essas mulheres?

A primeira convidada foi Tatiana Bassi, que desde a morte do pai em 2013, assumiu, ao lado da mãe e da irmã, o restaurante da família, Templo da Carne - Marcos Bassi. “Minha vida sempre foi entre animais, brasa e carne assada, mas isso é raro. Geralmente, quando alguém diz ‘vamos fazer churrasco’, o homem acende a churrasqueira e a mulher vai fazer a salada. Isso não é questionado”, diz.

Parte das paulistas. Tatiana Bassi, Carolina Barreto, Paula Labaki e Ligia Karazawa Foto: Iara Morselli|Estadão

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A churrasqueira Clarice Chwartzmann também faz parte da minoria. Gaúcha de Passo Fundo, aprendeu com o pai ainda criança a fazer o fogo e esperar o tempo da carne. E ela logo entendeu, pela surpresa dos convidados ao vê-la na grelha, que mulheres raramente têm a chance de aprender a lidar com espetos e carnes. Foi isso o que a estimulou a dar aula de churrasco apenas para mulheres. A ideia deu tão certo que ela acabou deixando de lado a carreira de publicitária. 

Entre as alunas, ela diz que mesmo independentes, financeiramente e no estilo de vida, as mulheres têm dificuldade de assumir a posição de churrasqueira, sempre ocupada pelos maridos ou namorados. E lutam para derrubar a ideia de que devem fazer a salada e descansar porque cozinham na semana.

As ideias de Clarice iam ao encontro da proposta das Braseiras, e, por isso, juntou-se ao grupo, que também é formado por Aline Marinho e Joana Angélica, do projeto Churras Delas, Ligia Karazawa, do restaurante Brace, no Eataly, Paula Labaki, do Buffet Lena Labaki, Elisabeth Schreiner, da Meat Shop, Sandra Carvalho, professora da UFSC, e Caroline Barbosa, da marca Carne & Sabor. 

Do Rio Grande do Sul. Clarice Chwartzmann Foto: Ricardo Teles|Divulgação

Impulsionar o movimento de ter mulheres ocupando lugar num setor produtivo econômico (muito machista, algumas dizem), que é a carne, é um desejo comum. Juntas, elas viajarão pelo país participando de encontros, apresentando as técnicas do churrasco, batendo papo e até preparando carnes para o público. Já há eventos confirmados em Florianópolis, Belém do Pará e Campo Grande. “Queremos inspirar as mulheres, mas os eventos não são exclusivos para elas”, explica Carolina Barretto.

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