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Comida

Na mesa de Montezuma

A história do mole está envolta em mistério. Uma das versões para a origem do prato é a de que ele já era consumido no Império Asteca, apenas tinha outro nome: chilmulli, que no idioma nahuatl, falado pelos astecas e usado ainda hoje no país, significa salsa de chiles, ou molho de pimentas.

Na mesa de MontezumaFoto:

Em outra versão, pesquisadores que defendem que, assim como diversas outras práticas culinárias mexicanas, ele teria surgido já no período colonial. O mole, aí, seria uma adaptação do prato asteca feita num convento de Puebla no século 16 – a partir da inclusão de algumas especiarias que teriam chegado ao México com a colonização europeia.

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Origem. Árbol de la Vida de Alfonso Castillo mostra a criação do mole e está exposta no museu de Arte Popular da Cidade do México. FOTO: Reprodução

Seja qual for o ancestral mais antigo do prato, o fato é que, com o passar dos tempos, a receita foi incorporando novos ingredientes levados ao México por europeus e asiáticos, como noz, avelã, amendoim e especiarias diversas.

O escritor mexicano Paco Ignacio Taibo I, autor do fantástico El libro de todos los Moles (2003), defende uma tese interessante: a de que para compreender o mole é preciso entender o espírito barroco. O pensamento faz sentido, não só pelo caráter dramático e exagerado do sabor do prato, mas também por sua configuração como prática social, como cultura vivenciada.

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Junto de uma grande mistura de ingredientes, o gosto reflete também segredos e tradições de família, que vão passando de geração para geração de uma maneira subjetiva e rodeada por certo misticismo.

As mulheres são os principais veículos desses segredos, que sobrevivem aos anos por meio da tradição oral – ainda que já existam diversas formas de mole mais industrializadas atualmente. Difícil encontrar uma receita única de mole, mesmo dentro de um mesmo povoado. Difícil encontrar alguém que revele exatamente, tintim por tintim, como faz o seu mole.

>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 1/5/2014

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