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Comida

Nenhuma torrada resiste

Patê de fígado de galinha (Foto: Janaina Fidalgo)

Depois de frio, o patê fica com uma consistência mais firme, mas ainda cremoso. É normal a superfície escurecer um pouco, o interior continuará rosado (. Foto: Janaina Fidalgo)Foto: Janaina Fidalgo)

Fazer receita demorada é comigo mesmo. E isso não quer dizer que sejam difíceis. Só que demandam tempo de cozimento longo, ou que tenham etapas e mais etapas ou que, simplesmente, sejam uma desculpa para ficar em casa numa tarde fria como a de ontem.

Também é verdade que tenho uma preguiça danada de certos processos. Talvez por isso tento fazer o caldo de carne durar no congelador, ainda que viva doando uns cubinhos, na tentativa de convencer os amigos de que o trabalho de formiguinha compensa. Um dia de labuta para meses de bonança.

Só que ontem, enquanto esperava um processo longo terminar (e que contarei em outro post), queria distrair a boca com algo que fosse rápido de fazer e não desse trabalho. Demorei mais para achar a loja onde queria comprar os fígados de galinha do que para preparar o patê. As voltas dadas a mais valeram, porque os fígados estavam lindos e íntegros. Tudo o que fiz foi remover umas gordurinhas.

Vasculhei uns livros à procura de uma receita que remetesse ao aroma que eu tinha na memória. Quando me dei conta de que esse aroma era simplesmente o de pimenta-do-reino, relaxei. Entendi o processo, o que tinha de ter necessariamente e fui colocando os temperos até ficar com o sabor e o aroma que eu queria. A base foi uma receita do Mark Bittman já publicada no Paladar (veja o vídeo em inglês ou dublado).

Diminuí a quantidade de manteiga, aumentei a de pimenta-do-reino, juntei um dente de alho por minha conta e esqueci de colocar cravo-da-índia e conhaque. Tudo bem. Deu certo do mesmo jeito. E, o mais importante, não levou mais que 15 minutos para ficar pronto.

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Depois de frio, o patê fica com uma consistência mais firme, mas ainda cremoso. É normal a superfície escurecer um pouco, o interior continuará rosado ( Foto: Janaina Fidalgo)

Refoguei uma cebola pequena picada grosseiramente em uma colher (sopa) de manteiga, juntei um dente de alho em lâminas e coloquei os fígados (600 g) já limpos. Selaram dos dois lados por menos de cinco minutos, só para mudarem de cor do lado de fora. Como o Bittman diz no vídeo, quanto mais bem passado, mais amargo o fígado fica. De fato, não precisa. Basta ficarem acinzentados por fora e rosados por dentro.

Enquanto isso, pilei 25 grãos de pimenta-do-reino preta, 6 grãos de coentro, 5 grãos de pimenta-da-jamaica e um pouco de sal grosso. Transferi os fígados refogados para o liquidificador (quem tiver processador de alimentos tanto melhor), juntei as especiarias piladas, 1 colher (sopa) rasa de manteiga, 1 colher (sopa) de nata (a receita pede creme de leite, mas eu não tinha… e se você não tiver nenhum dos dois, dará certo do mesmo jeito). Não faça como eu e lembre de colocar um cravo-da-índia e umas duas ou três colheres (sopa) de conhaque.

Se ficou bom? Teve um nariz torto que, ao passar pela cozinha, viu o fígado refogando e fez careta. É claro que eu daria conta de comer tudo sozinha, mas arrumei um pote com a intenção de trazer à Redação. Só que quando o patê já estava geladinho e consistente (fica com uma textura ótima), caí na besteira de passar um pouco numa torrada de pão-sírio e oferecer ao nariz torto. Azar dos amigos da Redação, que desta vez ficaram sem patê.

A torrada que comprometeu o patê da Redação  

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