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Comida

No Japão, não se viaja de trem sem levar um bentô

De Tóquio

No Japão, não se viaja de trem sem levar um bentôFoto:

No Japão, uma viagem de trem não é completa sem um bentô. Nas milhares de estações espalhadas pelo país, a cena é comum: antes de embarcar, os japoneses fazem fila para comprar seu bentô – ou o ekiben (“eki” é estação de trem em japonês, e “ben” é a forma abreviada de bentô). Depois, acomodados em suas cadeiras, abrem a caixinha e pinçam a comida cuidadosamente preparada e apresentada, enquanto a paisagem passa pela janela.

FOTOS: Júlia Rettmann/Estadão

Como as viagens de trem são parte do cotidiano japonês, o ekiben acabou se tornando uma instituição cultural no país. Recentemente, virou até tema de livro: em abril, foi lançado no Japão, com versão também em inglês, um volume dedicado ao bentô de trem. Em Ekiben – The Ultimate Japanese Travel Food, a autora Aki Tomura, conta um pouco da história dessa tradição e retrata 57 tipos de ekiben de todo o Japão em belas fotos.

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A origem do ekiben está atrelada à chegada dos trens no Japão, na Era Meiji (1868-1912), quando o país se abriu ao Ocidente e se industrializou. O bentô, que então já era tradicional, foi adaptado às cada vez mais corriqueiras viagens de trem. Era uma forma de ganhar tempo – aproveitava-se a viagem para comer – e, também, uma fonte de prazer.

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Mas as 57 caixinhas expostas no livro são pequena amostra das estimadas, por baixo, 3 mil variedades de ekiben. É que cada região do Japão tem sua especialidade gastronômica, o seu produto típico e fresco, que geralmente vai parar nos bentôs de trem. Na ilha de Hokkaido, por exemplo, no norte do país, é comum encontrar o kani – caranguejo – no ekiben; em Hiroshima, mais ao sul, é comum a enguia (anagô) sobre o arroz.

Não há uma forma única nem um conteúdo específico no ekiben – há os de carne, os só de vegetais, os de frutos do mar, cada um vendido num tipo de caixinha diferente: de cerâmica, de plástico, de isopor, de dois andares e até em formato de trem-bala.

Como conta Tomura em seu livro, os ekiben são em geral feitos por pequenos produtores e cooperativas locais, mais do que grandes redes de comida. Assim, uma forma acessível de conhecer um pouco da hipercomplexa e variada gastronomia japonesa é provar o ekiben local em cada estação de trem.

Tóquio. Aberta em 2013, uma loja na estação central de Tóquio tenta unificar essa imensa variedade num só lugar. A Ekibenya Matsuri reúne quase 200 tipos de ekiben de todas as partes do Japão. Para garantir o frescor, as caixinhas são enviadas para Tóquio diariamente – e duas delas são produzidas na própria loja.

A princípio, olhando de fora, especialmente para um ocidental não letrado, a Ekibenya Matsuri, localizada no corredor central da movimentada estação de Tóquio, é apenas mais uma loja de bentôs. Mas um parede com dezenas de reproduções de ekibens de plástico (outra mania japonesa, as comidas plastificadas) dá noção da variedade abrigada ali.

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Hiroto Yamada, atendente da loja, conta que em um dia comum mais de 10 mil pessoas passam por ali em busca de um ekiben. Os mais vendidos, diz ele, são os de carne, da Província de Yamagata – finas fatias de carne grelhada sobre arroz, com vários tipos de picles como acompanhamento; entre os de peixes e frutos do mar, o maior sucesso é o de camarão de Niigata, servido também sobre arroz, com ovo. Os ekibens custam entre 800 e 1600 yenes, na Ekibenya Matsuri (algo entre R$ 20 e R$40).

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 11/6/2015

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