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Comida

Quando o sertão vira poesia... deliciosa

Bolacha mata fome (à esq. acima), queijo de manteiga e batida (Foto: Paula Moura/AE)

Ana Rita mostra a marmita, um tipo de bule para ferver água. (. Foto: Paula Moura/AE)Foto: Paula Moura/AE)

O sertão das maneiras artesanais ressurgiu mítico na voz generosa de Ana Rita Suassuna em sua palestra “Cozinha sertaneja”. Uma cabaça que servia para guardar mel ou melaço, tampada com um sabugo e cera de abelha arrancou uma expressão da chef e pesquisadora: “ainda bem que no sertão não tinha plástico”. Ela trouxe e mostrou a utilidade de instrumentos como um ferro pouco menor que os de passar, que serve até hoje para engomar o queijo de manteiga. Hummm… a parte mais disputada desse queijo é a raspa do tacho, queimadinha, usada também misturada na massa do próprio queijo para dar um sabor especial.

Ela revelou o ancestral do pão de mel, chamada de bolacha mata fome, fruto da criatividade do nordeste seco de poucos ingredientes. “Todos doces do sertão têm rapadura”, lembrou. Os engenhos oferecem ainda a batida, retirada do melaço antes dele endurecer, mais mole que a rapadura. Ela costuma ser perfumada com especiarias como a canela e, antigamente, entalhada como uma obra de arte para ser vendida na feira.

Ana Rita mostra a marmita, um tipo de bule para ferver água. ( Foto: Paula Moura/AE)

Ana Rita encantou o público com seu jeito de avó e revelou com sua sabedoria que, além da rapadura ter vida eterna, a “comida e literatura são xipófagas”. Em vez de receita, ela distribuiu poesias ao público, assegurando que todos os ingredientes já foram cantados por repentistas e poetas.

Por Paula Moura

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