Discutir e comer – muito. Não importa de que lado se esteja do velho conflito entre israelenses e palestinos, as duas ações repetem-se cotidianamente em Jerusalém. E se com discursos e palavras o entendimento, hoje, anda difícil, na hora das comidas o complexo vira simples, fala-se a mesma língua.
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Esse diálogo culinário uniu dois chefs, Yotam Ottolenghi e Sami Tamimi, um israelense e um palestino, ambos radicados em Londres. Juntos, escreveram o livro de receitas Jerusalém, que agora é lançado no Brasil, traduzido para o português e editado pelo selo Panelinha. Há um bem-vindo espírito de tolerância que subjaz ao livro, expresso em fórmula feliz na introdução do volume: é que o homus vai pacificar e aproximar os cidadãos de Jerusalém, se nada mais for capaz de fazê-lo.
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Pois bem: os influxos vários da multidão de culturas que se encontra em Jerusalém aparecem nas mais de 120 receitas do livro – divididas nos capítulos Vegetais, Sementes e grãos, Sopas, Recheados, Carnes, Peixes, Massas salgadas, Doces e sobremesas, Condimentos. O filtro é a memória e o gosto de Ottolenghi, celebrado chef em Londres, onde tem um rede de restaurantes, e de Tamimi, seu sócio. Há receitas tradicionais e invenções. Muitos dos sabores de Jerusalém ficam de fora (pratos típicos asquenaze, dos judeus do leste europeu, por exemplo, quase não aparecem); seria impossível abarcar tudo num volume. Sobressai a fresca e colorida cozinha mediterrânea. E o vibrante espírito de Jerusalém, que nem a guerra consegue abafar.
JerusalémAutores: Yotam Ottolenghi e Sami TamimiEditora: Panelinha (320 págs.)Preço: R$99,90