Alô? Tem sororoca? Não. E oveva? Não. Guaivira? Quê? O peixe, guaivira… Ah, não trabalhamos com isso.
Com pequenas variações, o diálogo acima repetiu-se em várias peixarias, na busca pelas espécies cujo consumo é liberado pelo Guia de Consumo Responsável de Pescado. Não foi fácil. O argumento “só trabalhamos com peixes nobres” foi recorrente para justificar a falta daquele pescado não convencional. O jeito foi fazer uma encomenda especial.
É que peixes como guaivira, oveva e sororoca são pouco valorizados comercialmente. Os próprios pescadores os descartam, às vezes no mar mesmo, ou então vendem em caixas mais baratas nas quais diversas espécies ficam juntas, a que chamam de “mistura”.
Guaivira. FOTO: Clayton de Souza/Estadão
Marcelo conseguiu, enfim, uma caixa de guaivira, que o Paladar enviou ao restaurante Vito. A abrótea foi mais difícil: foi para o Amadeus em pequena quantidade. E a sororoca, que seria usada no restaurante A Peixaria, Marcelo não conseguiu arrumar.
Nem o próprio chef Cauê Tessuto encontrou o pescado, mesmo depois de ir ao mercado da Ceagesp. “Já não é tão fácil achar. E, agora, não está na época dela. A sororoca começa a entrar no mercado na estação mais fria”, diz. Ele usou então o bonito, que comprou na Ceagesp. “Mas não é simples comprar esses peixes. Eles costumam vir maltratados. Para comprar o bonito que usei, tive que revirar umas cinco caixas até achar um que prestasse”, conta Cauê. “Acho que, por ter menos valor comercial, o pessoal cuida menos na hora do transporte.”
Conheça peixarias em que se pode encontrar espécies incomuns de peixes.
Ocean Six R. dos Chanés, 256, Moema, 5093-9432 Aceita encomendas
Peixaria Progresso de Santo Amaro R. Desembargador Bandeira Mello, 65, Santo Amaro, 5687-7436 Tem bonito (R$ 7,90), oveva (R$ 5,40) e sororoca (R$ 20, em média)
Peixaria Rainha Av. Padre José Maria, 10, Santo Amaro, 5523-2899 Bonito (R$ 7,50), oveva (R$ 6,49) e sororoca (congelada, R$ 19)