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Comida

Volta ao mundo com couscous

Volta ao mundo com couscousFoto:

Por Taisa SganzerlaEspecial para o Estadão

Na Costa do Marfim, é feito com mandioca, ingrediente nativo das Américas, e comido no almoço e no jantar com pata de cabrito. Em Cabo Verde, também é de mandioca, mas é cozido com açúcar e canela e servido no café da manhã. Assim como acontece no Nordeste brasileiro, mas aqui é feito com fubá, ingrediente de origem africana.

Parece confuso? Pois está aí um prato “cidadão do mundo”. O couscous se espalhou por diferentes regiões do planeta, fincando raízes em quase todas elas. “É um exemplo perfeito da adaptação de um mesmo conceito culinário a diferentes culturas e ingredientes”, afirma o consultor e professor Carlos Siffert, que mostrou seis variedades de couscous no primeiro dia do 8° Paladar Cozinha do Brasil, entre elas a cabo-verdiana.

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FOTOS: Helena Wolfenson/Estadão

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O couscous nada mais é do que farinha hidratada – o suficiente para se tornar flocada, mas nunca demais ao ponto de virar polenta -, quase sempre cozida no vapor. É o prato nacional do Marrocos, onde se originou pelas mãos do povo berbere. Lá, é feito com sêmola de trigo e servido com legumes e carnes. Ao se espalhar pelo mundo, o prato ganhou diferentes versões, com ingredientes, serviços e acompanhamentos distintos.

Em Israel e na Sardenha, por exemplo, o couscous também é feito com trigo, mas os flocos são tostados na frigideira antes de ir para o cozimento. No primeiro, é chamado de pitin e considerado “comida de criança”. Já na região italiana é conhecido como fregola e servido em restaurantes com frutos do mar.

De couscous a cuscuz

No Brasil, o couscous virou cuscuz, sem abrir mão de seu espírito camaleônico. No Nordeste, é feito com farinha de milho (branco ou amarelo) ou tapioca. Quando é preparado com milho, vai à mesa salgado e é servido puro, como um bolinho. Já quando é feito com tapioca, leva ainda açúcar, coco ralado e até leite condensado. Ambos são comida de café da manhã.

Já no Norte, o cuscuz é feito com farinha flocada de arroz, mas é doce, misturado com tapioca e servido com leite de coco. Foi também nessa região que ganhou contornos exóticos, quando preparado com farinha de uarini. Para quem não está habituado, o ingrediente parece duríssimo à primeira vista, mesmo depois de ter sido hidratado, mas em sua região nativa é tão comum quanto qualquer farinha d’água.

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Mas foi no Estado de São Paulo que o prato ganhou sua versão mais radical e distante da original: o famoso cuscuz paulista, feito com a farinha de milho direto na panela, o que o deixou mais parecido com um angu do que com um cuscuz (ou couscous), propriamente dito. “O sabor também muda. Como ele é cozido junto com os acompanhamentos refogados, a farinha absorve esses sabores e perde um pouco do próprio”, resumiu Siffert.

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