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Restaurantes e Bares

No Taka Daru, papo, saquê e petiscos

Em novo izakaya de Pinheiros, que serve bons espetinhos, dá para sair satisfeito sem gastar os tubos; problema são as bebidas: os drinques são desleixados

O takoyaki, tradicional petisco de rua japonês, feito de polvo, é bom abre-alas. Foto: Nilton Fukuda|Estadão Foto: Nilton Fukuda|Estadão

Se me permite, leitor, breve digressão, tenho a tese não verificada de que, nesses tempos traumáticos, vamos mais ao bar e ao restaurante. Tenho percebido mesas e copos mais cheios. A grana está curta ou, pior, a gente tem medo de que a grana vá ficar cada vez mais curta, mas, ainda assim, vamos ao bar. O que é ótimo. A gente bebe para desopilar – desopilemos, pois!

O takoyaki, tradicional petisco de rua japonês, feito de polvo, é bom abre-alas. Foto: Nilton Fukuda|Estadão

Mas, mais do que isso, é na mesa do bar, ou do restaurante, que a gente forma sentido das coisas. Desce um trago, abocanha uma porção de coxinha ou de mortadela e olha na cara do companheiro. E conversa. Avança, regride, pode até discutir à grita, mas digere as coisas – comidas, bebidas, impeachments – junto. Sem a histeria oca das redes sociais virtuais. A mesa do bar é, afinal, nossa melhor rede social.

Agora vamos ao ponto: essa rede social se expande agora em São Paulo, com a abertura do izakaya Taka Daru. A cozinha e o ambiente da nova casa valem a visita (a qualidade do que ali se bebe, porém, nem tanto).

Só para lembrar, izakaya é bar japonês, boteco mesmo. Virou moda em São Paulo. Os paulistanos que não são da colônia nos acostumamos, enfim, à ideia de ir num japonês e não comer sushi ou sashimi, mas, sim, pequenos petiscos, lámens, espetinhos, verter saquês e shochus. O Taka Daru é o mais recente de uma nova leva de izakayas para além dos limites da Liberdade.

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A cozinha expede boas porções, bons espetinhos e boas massas ensopadas. Alguns de meus companheiros de mesa nas visitas à casa estranharam os tamanhos não tão grandes dos pratos (e, aliás, por que porções com número ímpar de itens se a proposta é compartilhar?). Mas dá para sair satisfeito e feliz do Taka Daru sem gastar os tubos.

Ambiente comdecoração japonesa com ar de praia Foto: Nilton Fukuda|Estadão

São 17 opções de porções; provei ao menos metade delas: nenhuma ruim, algumas ótimas, como os bolinhos de polvo e a berinjela frita. O Taka Daru tem o mérito de não complicar o que não precisa ser complicado e servir uma comida simples e fresca. É o que se nota ao pedir também os lámens, de caldo saboroso e macarrão de qualidade – o hiyashityuka, massa gelada com pepino, ovo, kani, porco fatiado fininho em molho adocicado, vai muito bem neste verão que insiste em não renunciar, sufocando o outono. 

Os espetinhos, feitos na grelha, também são muito bons – e viva o simples: quiabo tostado, crocante; nostálgicos corações de galinha; fígado no ponto; aspargo envolto em bacon (covardia, tudo envolto em bacon tende a dar certo).

O ambiente é esperto: numa rua tranquila do que convencionou-se chamar Baixo Pinheiros, os donos capricharam na decoração com motivos japoneses, estrutura em toras de madeira, barris de saquê (“daru”, em japonês; “taka” é o nome do chef). Embora a casa seja grande, o clima é acolhedor – tem um curioso ar de praia.

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O problema são as bebidas. Os drinques são desleixados, nível bar de beira de piscina de clube: mojito com espesso pré-sal (de açúcar) no fundo, negroni parecia campari aguado, até o gim tônica veio desequilibrado. Há uma oferta apenas razoável de saquês e um shochu. E nenhuma cerveja especial. O jeito é pedir a garrafa convencional de 600 ml, que ao menos mata a sede e anima mais fartamente os espíritos da mesa. 

ENCONTRO DE EXPERIENTES

A ideia do Taka Daru, aberto há três semanas, nasceu do encontro de duas figuras experientes na cena gastronômica paulistana. De um lado, Edrey Momo, sócio da Tasca da Esquina; do outro, o chef Takaki Yasumoto, do Yakitori, um já tradicional restaurante de espetinhos japoneses em Moema. 

Da grelha. Os espetinhos são destaque no bar japonês Foto: Nilton Fukuda|Estadão

Estilo de cozinha: japonesa, pratos quentes e simples – não tem sashimi nem sushi.

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Bom para: jantar, entre amigos, para compartilhar porções e bebidas. 

Acústica: o ambiente abafa o ruído; é bar, mas não é barulhento. 

Vinho: não tem vinho, mas tem saquê (a oferta poderia ser mais farta). Em dose, de R$ 21 a R$ 36; cinco opções de garrafas japonesas, de R$ 129 a R$ 360. 

Cerveja: triste cenário. Mas, lembre-se, é um restaurante tipo caseiro. Só Original ou Bohemia (R$ 9, 600 ml).

Água e café: água míni a R$ 5,80 – nada de água da casa. Café Delta a R$ 6,40.

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Preços: Espetinhos de R$ 4,20 a R$ 10,80; porções de R$ 11,80 a R$ 28,80; noodles de R$ 22,80 a R$ 64,80; sobremesa R$ 15,80.

Vou voltar? Sim. Quando der um bode de ir ao bairro da Liberdade. 

O MELHOR E O PIOR

PROVE

O takoyaki. O petisco de rua japonês, feito de polvo, é bom abre-alas, vem num belo molho doce.

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Os espetinhos. De quiabo, aspargo com bacon e fígado. Os melhores, para mim.

O vinagrete de lula. Vem com deliciosos triângulos de oniguiri (espécie de bolinho de arroz japonês) tostados.

EVITE

O tsumire. Shiitake recheado com frango – dispensei o frango moído, comi apenas o fungo.

Os espetinhos. De moela (borracha), cebola (sem graça) e tomate com bacon (não vale R$ 7,80).

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SERVIÇO

TAKA DARU R. Costa Carvalho, 234, Pinheiros Tel.: 3034-0937 Horário de funcionamento: 12h/15h; 17h30/23h (sex., até 0h; sáb., 12h/0h; dom., 12h/18h) Valet: R$ 20 Ciclovia na Pedroso de Morais (a 400m) Não tem bicicletário

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