PUBLICIDADE

Restaurantes e Bares

Para lembrar da avó libanesa (mesmo que não tenha uma)

Veja o que é uma comida conforto

Quibe labanié, que vem com cinco bolinhos de carne imersos em coalhada quente. Foto: Sergio Castro/EstadãoFoto: Sergio Castro/Estadão

Caía um desses primeiros torós de dezembro quando tentávamos chegar ao novo Chef Benon, no Real Parque, beirada do bairro do Morumbi. As ruas alagaram. Desde sempre as ruas perto do rio Pinheiros alagam, porque aquilo ali era a várzea de um rio sinuoso que se espalha e recolhe as águas das chuvas de verão. Numa daquelas ruazinhas formou-se pequena represa. Com a ajuda do Waze, demos meia volta, o aplicativo esperto aconselhou novo caminho, chegamos, enfim, ao restaurante.

Para quem chega assim, pele e alma molhadas, a comida do Chef Benon é como uma toalha quente e felpuda. Mas não é só a quem triunfou sobre o dilúvio que a comida do restaurante vai agradar. Porque o que se serve ali é uma comida conforto: simples, reconhecível, gostosa, trivial, caseira. O básico da comida árabe tal como a conhecemos por aqui, de influências libanesas, sírias, armênias – povos que vieram para São Paulo ao longo do século passado –, está lá.

Quibe labanié, que vem com cinco bolinhos de carne imersos em coalhada quente. Foto: Sergio Castro/Estadão

Frescas saladas fatouche e de tabule; equilibradas pastas de homus e babaganuche e uma ótima coalhada; saborosos charutinhos de folha de uva; uma bem temperada esfihona de carne; acertado quibe, tanto assado como cru; uma perna de cordeiro que desmancha servida com arroz com aletria; um etéreo atayef de nata…

O cardápio é extenso. Do que provei, tudo no mínimo bem feito. O pão pita, assado na casa, fino e algo elástico, é excelente, chega quente à mesa.

PUBLICIDADE

Para resumir, quem estiver sentindo falta da avó libanesa, síria ou armênia que nunca teve, vá lá ao Chef Benon, ele faz a função e cobra um preço razoável em troca. Mas há poréns: o ambiente é tristonho, com luz fria, piso frio, clima frio.

Atayef, uma das sobremesas da casa 

No fim de semana, o público é mais família, mais calmo. Já durante a semana, o restaurante é tomado pelo pessoal de escritórios da região, em busca de uma comida boa, despretensiosa e acessível, e aí fica cheio, uma zorra. Não há isolamento acústico no salão, de pé direito bem baixo. O vozerio é alto; o barulho, bem chato.

O serviço ainda cambaleia, destreinado. Se confunde na hora de tirar o pedido, na hora de tirar a mesa, na hora de explicar os pratos e na hora de expedir os pratos. Isso tanto em dias mais calmos como mais cheios. A confusão quase azeda aquela gostosa sensação de comida de avó. Mas não chega a tal desastre. Como a casa ainda é nova resta a esperança de que possa ir afinando a orquestra enquanto toca.

O cozinheiro Benon Chamilian, que abriu o primeiro Chef Benon na Vila Sônia em 2012 

PUBLICIDADE

TALENTO DESPRETENSIOSO O chef Benon Chamilian era nome conhecido em São Paulo por servir comida libanesa de alto nível em extintos e refinados restaurantes, como Mandalun e Khayyam. Em 2012, abriu um restaurante despretensioso na Vila Sônia e agora replica o modelo no Real Parque, Morumbi, com casa inaugurada em setembro.

O MELHOR E O PIOR

Prove

O quibe labanié. Cinco bem temperados bolinhos de carne vêm imersos em coalhada quente.

A manouche de carne, esfihona fininha, com massa feita na casa e carne moída fresca por cima.

PUBLICIDADE

O malabié. Maravilha de manjar, servida com damasco em calda por cima. Nem doce demais nem de menos.

Evite

O falafel. Pesado e carregado no alho, mais do que deveria.

Ir com pressa. O serviço é muito atrapalhado, apesar da simpatia.

A caipirinha… melhor pedir só uma cachaça.

PUBLICIDADE

Manouche de carne, esfihona fininha, com massa feita na casa e carne moída fresca por cima 

Estilo de cozinha: árabe tradicional, com receitas caseiras libanesas.

Bom para: almoço bem melhor que os quilos e quetais durante a semana; almoço conforto no fim de semana.

Acústica: se o salão enche, vira quizumba, gritaria para se fazer ouvir por quem está apenas do outro lado da mesa.

Vinho: Não há carta, só um vinho da casa, tinto ou branco, em taça (R$ 14,90). Não cobra taxa de rolha.

PUBLICIDADE

Cerveja: Longnecks convencionais a R$ 7,90; há outras um pouco menos óbvias, de 600 ml, como Madalena e Therezópolis, e curiosas garrafinhas da marca 961 (R$ 16,90), artesanal libanesa.

Água e café: Garrafinha de plástico (300 ml, R$ 4,90) – a água filtrada da casa parece mesmo que ainda não pegou em São Paulo. O expresso não é ruim (R$ 4,90).

Preços: Entradas de R$ 4,99 a R$ 37,90; pratos principais de R$ 24,90 a R$ 47,90; sobremesas (R$ 8,90 e 11,90)

Vou voltar? Sim, mas só quando já estiver por ali, nas quebradas do Morumbi e do Real Parque.

SERVIÇO – CHEF BENON R. Luís Gonzaga de Azevedo Neto, 201, Morumbi. Tel.: 3758-3565. Horário de funcionamento: 12h/15h (qui. e sex., também 18h/20h45; sáb., 18h/21h45; dom., 12h/16h). Não tem bicicletário nem ciclovia próxima. Não possui valet.

PUBLICIDADE

>> Veja a íntegra da edição de 24/12/2015

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE