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Restaurantes e Bares

Pop-up na Câmara dos Lordes

Por Richard VinesBloomberg News

Pop-up na Câmara dos LordesFoto:

Almoçar na Câmara dos Lordes é o novo programa em Londres. A Sala de Jantar do Pariato, refeitório mais formal, está aberta ao público pela primeira vez e por dois meses. A ideia é testar a renda vinda de plebeus durante o recesso do Parlamento.

Pode parecer privilégio comer ali onde os lordes se alimentam, bebem e conspiram. Mas o fato é que eles vivem reclamando da comida, do serviço e até do café. Cardápio e sala são charmosamente retrô – ambos proporcionam uma volta no tempo. O Palácio de Westminster, onde está a Câmara dos Lordes, tem esplêndido interior gótico e lustres elaborados. Lembra Hogwarts, a escola de Harry Potter. O ambiente atual data do séc. 19, foi reconstruído depois do incêndio em 1834.

Quem se dirige ao Pariato passa pela antecâmara de arcos crescentes repleta de estátuas de reis e rainhas. Em seguida, atravessa-se uma bela sala de pé-direito alto e mobília fina que serve como bar, mas essa palavra é insuficiente para o esplendor do local. Painéis de madeira cheiram a verniz e privilégio. A janela dá para o rio Tâmisa. Já viu Downton Abbey? É assim mesmo.

Estampa. O ambiente da Sala de Jantar do Pariato tem carpete estampado, é coberto de papel de parede e tem teto decorado. Uma enorme lareira ocupa uma das paredes. FOTO: House of Lords/Bloomblerg

Apesar do ambiente, o restaurante não é caro. Uma bela garrafa de House of Lords Rose Champagne (por Gaston Chiquet) custa US$ 55. Leve e fresco, com toques de morango. O House of Lords Chardonnay (US$ 26) parece pechincha, até a prova. A sensação é de que alguém tirou flores do vaso e jogou na taça. Não vale.

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O almoço custa US$ 53 e incluí entrada, principal e sobremesa, cada um com quatro opções. E ainda café e chocolates. Os garçons são formais, mas não esnobes. No salão em formato de L, há uma grande lareira e paredes forradas de papel aveludado nas cores amarelo, vermelho e cinza. O carpete adornado é verde e vermelho e há lustres pendurados no teto alto. As cadeiras de couro vermelho têm o logo dourado da ponte levadiça da Câmara dos Lordes. A mesa é coberta de denso linho branco e decorada com um vaso com rosas escuras.

A experiência não é apenas sobre a comida. Mas a cozinha do chef-executivo Duncan Basterfield é impressionante. Ele sabe criar pratos confortáveis e clássicos, porém mais leves, com camadas de sabor.

O menu é nostálgico, salmão assado e pudim de pão com frutas vermelhas. A sopa de ervilhas tem favas e menta e é servida com queijo de cabra e broto de ervilha. Tem textura e profundidade. A pâtisserie no vol-au-vent de cogumelos, um clássico de St. George, é leve e crocante; bochecha de boi cozida lentamente e servida com purê de batata irlandês, cenoura e salsa verde é um prato principal complexo e opulento, a carne se desfazendo em contato com o garfo. O peito de frango alimentado com milho é recheado de cogumelos e servido com batatas, aspargos e creme de espinafre. As sobremesas são a melhor parte. O pudim de tâmaras no vapor e nozes vem com uma calda de caramelo e sorvete de baunilha. É um pudim inglês tradicional, pegajoso e doce.

Eu não gostaria de comer tão tradicionalmente todos os dias, mas o almoço fica memória, tempos depois de passar pela loja de suvenires, na saída, bem abastecida de ursos de pelúcia, bolas de golfe e bombons da Câmara dos Lordes – além de garrafas de House of Lords Champagne.

Esse pop-up aristocrático vai durar apenas durante a “dissolução” – o período em que os lordes vão para casa, antes da eleição geral, a cada cinco anos. Mas as reservas – de 1.600 lugares – já estão esgotadas, mas quem quiser pode tentar a sorte e colocar o nome na lista de espera, que já tem 500 nomes ( hlpdrbookings at parliament.uk).

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>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 30/4/2015

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