O "Balcão" acompanhou a final brasileira do Bacardí Legacy, um dos concursos mais importantes da coquetelaria mundial, que ocorreu na última segunda-feira, dia 17.
Originalmente, a final seria realizada na semana anterior (10) - justamente naquela fatídica segunda-feira em que o mundo desabou e São Paulo ficou debaixo d'água. Na ocasião, óbvio, a organização acertou em adiar a realização do evento.
A apresentação foi no bar Motirô, em São Paulo, e reuniu os competidores Mario Oliveira (Nakka Jardins), Matheus Cunha (Tetto Rooftop Lounge) e Roddy Oliveira (Feirinha Bar).
A apresentação dos três finalistas foi rápida, objetiva e bastante emocional - o nervosismo era claro.
Mario Oliveira. FOTO: Shotz.media
Mario Oliveira, que já havia alcançado as fases semifinais do concurso outras vezes, foi o vencedor da etapa brasileira com o coquetel Brado, garantindo o passaporte para a grande final mundial que ocorrerá em Miami.
A seguir, uma rápida entrevista com o vencedor. Aliás, no final dela, aprenda a receita de Brado - o coquetel que levou Mario Oliveira para Miami.
1. Mario, conte um pouco sobre o processo de criação do Brado? Na sua opinião, qual é a grande sacada do seu coquetel?
O Brado teve um processo criativo de quase nove meses. A ideia era criar um coquetel que fosse popular, que representasse a voz das pessoas e tivesse a essência brasileira. Brado, inclusive, é uma palavra que não tem tradução direta para outras línguas e que a maioria dos brasileiros conhece. Então eu aproveitei a originalidade e o próprio impacto sonoro das duas sílabas para trazer à tona a ideia de grito e clamor do coquetel. Além disso o chá, o Cynar, o limão e a hortelã são ingredientes mais fáceis de encontrar, o que o torna mais acessível.
Acredito que o diferencial do Brado é o movimento que trouxe junto a ele. O "espalhe sua voz" representa a força da expressão na música, na dança, escultura, teatro... a arte em si. Todo o processo do Brado se baseou na arte e na força de expressão da cultura brasileira.
2. Qual a importância de concursos como o Legacy na carreira de um bartender?
Sou um pouco suspeito para falar, porque acompanho já faz um tempo. Sempre tive a premissa de participar de um campeonato brasileiro e esse é o terceiro ano que eu participo do Bacardí Legacy. Eu me empenhei bastante para chegar aonde queria e consegui me classificar em todas as edições anteriores. Sou muito grato por isso.
Acho importante campeonatos como o Bacardí Legacy, porque consolidam uma imagem de profissionalismo aos bartenders, que nem todo mundo conhece. Além disso, pela amplitude que tem, sempre traz algo para agregar; nós nunca vamos saber de tudo e é sempre bom poder aprender mais um pouco. Para mim, o Bacardí Legacy é o campeonato mais expressivo do mundo da coquetelaria, porque te incentiva a pensar aonde você quer chegar, a construir sua história e seu legado na coquetelaria.
3. Me conte um pouco da sua história, como começou na carreira, o que fazia antes, etc?
Desde criança eu tenho contato com a coquetelaria. Meu pai também era desse nicho, então eu aprendi e fui pegando gosto pela profissão lendo os livros dele. Estudei e tive a oportunidade de trabalhar durante quatro anos no [bar] Número, onde fui acolhido pelo mestre Derivan Ferreira, um dos maiores nomes da coquetelaria no país até hoje. Depois fui para o G&T Bar, o primeiro bar de gim e tônica no país, e mais tarde fui convidado para trabalhar no Nakka Jardins, voltado para coquetelaria, onde estou há três anos. Tive a sorte de trabalhar em três lugares enriquecidos em coquetelaria e mixologia, e isso com certeza só fortaleceu e aprimorou tudo o que estudei durante esses anos.
Aprenda a receita do coquetel vencedor do Bacardí Legacy 2019/20, o Brado:
Brado, drinque de Mario Oliveira. FOTO: SHOTZ.MEDIA
Brado
Ingredientes 50 ml BACARDÍ Añejo Cuatro30 ml Chá Preto15 mlSuco de limão-siciliano15 ml xarope de hortelã10 ml aperitivo de alcachofraTwist de laranja
Preparo1. Coloque todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo. Bata vigorosamente. Coe para um copo alto e com gelo.2. Dica: para preparar xarope de hortelã, acrescente hortelã fresco a xarope de açúcar (diluição de partes iguais de água e açúcar) e deixe descansar por alguns minutos. Coe e guarde na geladeira.
Notícias do mundo da coquetelaria
Shot 1 - O bartender Tom Oliveira acaba de lançar uma webserie sobre a vida de quem se dedica à coquetelaria. Na série, o cotidiano dos bartenders, o processo criativo, as dificuldades e alegrias da profissão. A série está disponível no canal de YouTube "Atrás do Balcão" e pelo site Mixology News.
/
Shot 2 - O Bar Talks, o podcast sobre o mundo da coquetelaria criado pelo mixologista Marco de La Roche, voltou! A entrevistada dessa semana é a Jessica Sanchez, que já foi eleita a melhor bartender da América Latina pela revista Forbes e é dona do Vizinho Gastrobar, na Barra da Tijuca. O podcast está disponível em aplicativos como o Spotify e no site Mixology News.
/
Shot 3 - O projeto Marginália, do bartender Diogo Sevilio, terá uma edição em pleno carnaval. No domingo, 23 de fevereiro, a festa ocorre no bar Luar da Cardeal, na Rua Cardeal Arcoverde, 2320. A ideia é valorizar bebidas marginalizadas e oferecer drinques a preços convidativos.
/
Shot 4 - A nova carta de coquetéis do restaurante Ferra foi lançada na última quinta-feira. O Ferra fica dentro do Jockey Club, na Avenida Lineu de Paula Machado, 1263.
/
Shot 5 - O Drosophyla Bar resgata a nostalgia dos bailinhos de carnaval da década de 20 e 30, pelo quarto ano consecutivo. Neste ano, cada baile terá um tema. Na sexta, 21, é o Baile Evoé. Já no sábado, 22, vai rolar o Baile dos Mascarados, com fantasias e máscaras que vão instigar a imaginação dos foliões.A decoração do bar segue a mesma linha, inspirada nos bailes de máscaras. O Drosophyla fica na Rua Nestor Pestana, 163, Consolação. Preço: R$ 70 (sendo R$ 25 a entrada e R$ 45 para consumação).
/
Shot 6 - O novo Bar Resenha Perdizes, localizado na Rua Desembargador do Vale 278, Perdizes, tem carta assinada pelo bartender Marcelo Serrano.
/
Shot 7 - O INK BAR, recém-aberto na Vila Olímpia, apresenta como principal conceito "comer, beber e tatuar". O cardápio de drinques, totalmente inspirado no universo da tatuagem. Destaques para o Ink Mule (versão do Moscow Mule e com vodca infusionada no carvão, R$ 28), e o InkTiki (gim, suco de grapefruit, suco de limão taiti e Falernum, complementado com água tônica, R$ 28). O INK fica na Rua Dr. Andrade Pertence, 197 .
/