Um coquetel não é apenas a reunião ou a mistura de diferentes bebidas. Não é só álcool sobre álcool (com algum suco de fruta e açúcar, às vezes). Um coquetel é o resultado final de vários fatores: da experiência de quem prepara até o contexto histórico em que ele foi criado.
A moda, por exemplo, já conquistou esse espaço. Para se entender um período ou uma geração, é preciso olhar para aquilo que as pessoas vestem.
Podemos fazer isso com aquilo que bebemos? Sim, podemos.
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Neste episódio do Balcão do Giba, aprenda a fazer o 'Alegria, Alegria', drinque de cachaça inspirado nos anos 60 e que faz parte da carta comemorativa do Riviera Bar.
A carta comemorativa do Riviera Bar, criada pelo mixologista Marco de La Roche, tem essa proposta: contar 70 anos de história através de seus drinques.
Por exemplo, a década de 50 é representada pelo Chez Sois, feito com gim, jerez fino, St. Germain, vinho rosé, elixir de Chartreuse, damasco e grapefruit. Ele é servido em uma xícara de chá - representando a elite paulistana que frequentava o Riviera na década de 50.
Já nos anos 70, o bode da ditadura militar fez amargar a vida e o coquetel. Assim, criou-se o Josefel Zanatás, uma alusão ao personagem Zé do Caixão, criado pelo José Mojica Marins (Josefel Zanatás é o nome "real" do Zé do Caixão. Para explicar melhor, Josefel está para o Zé do Caixão como o Clark Kent está para o Super-Homem. É o nome civil do personagem). Mojica também foi frequentador do Riviera nos piores anos da ditadura. O drinque que representa a década de 70 leva Bourbon, Tequila, Carpano Clássico, Cynar, Fernet, Angostura e solução marinha.
Mas o coquetel do vídeo de hoje representa os anos 60. Apesar do vídeo começar com esse que vos escreve e o Marco de La Roche cantando, eu não desistiria de aprender o "Alegria, Alegria" (nome baseado, claro, na música de Caetano Veloso).
O "Alegria, Alegria" representa uma fase efervescente e de sucesso do Riviera. Ele não é exatamente um drinque fácil de reproduzir em casa, mas vale pelo menos uma tentativa. Vai exigir algum pré-preparo e paciência, mas o resultado é compensador. Ele leva cachaça, Pernod, cambusanto (cachaça com cambuci) e outras coisinhas.
Toda vez que for beber, não dirija. E, além disso, pense que dentro do copo que você está segurando tem trabalho, muita história e conhecimento.
"Alegria, Alegria", com cachaça, Pernod e outras coisinhas. FOTO: Bruno Nogueirão/Estadão
30 ml de cachaça 45 ml de shurb de caju (xarope de caju com um toque de vinagre) 45 ml de Alegria Mix (uma mistura de Pernod e Cambusanto) 10 ml de suco de limão taiti 2 dashes (pitadas) de Angostura > Bata todos os ingredientes numa coqueteleira e coe para um copo com bastante gelo. Finalize com gelo triturado por cima e enfeite com frutas secas.
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O Riviera Bar fica na Av. Paulista, 2.584, Consolação
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Drink Festival: coloque na agenda
A terceira edição do Drink Festival acontece até o dia 2 de dezembro em diversos bares do País. O evento ocorre em mais de 300 bares e restaurantes. O tema deste ano é Todo drinque tem uma história. Os coquetéis que fazem parte do festival tem um preço fixo de R$ 29.
Em São Paulo, alguns dos bares e restaurantes participantes são: Guarita Bar, Boca de Ouro, Benzina, Sylvester, Boteco Paramount, Mez, Hotel Tivoli Mofarrej e muitos outros. Você pode conhecer todas as casas participantes nesse link.
Dica: Se você é de São Paulo, experimente o Guaritando, coquetel do Guarita Bar (R. Simão Álvares, 952. Pinheiros) que faz parte do Drink Festival. Ele leva Bourbon, calda de raízes, mix de limões com vinagre de cidra e folhas de limão.
Guaritando, coquetel do Guarita Bar que faz parte do Drink Festival. FOTO: Gilberto Amêndola/Estadão
Quer ver os vídeos anteriores? Tem drinques como moscow mule, rabo de galo, gim tônica, negroni, old fashioned, manhattan, dry martini e mais. Confira aqui!