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B.O.B.

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Bohemia Oaken: a longa distância do papel ao copo

A ideia, à primeira vista, é promissora. Embora não seja a primeira nem a única cerveja brasileira maturada em carvalho (estão aí o seu Loeffler e suas produções da Canoinhense e a nova cria da Biertruppe/Bamberg que não me deixam mentir), saber que a maior indústria cervejeira do País se arrisca de vez em quando a colocar na praça um produto diferente pode ser animador. Afinal, ainda é uma parcela mínima do País que tem acesso a receitas importadas ou de microcervejarias, e uma boa estrutura de distribuição ajuda - e muito - na difusão da cultura cervejeira se expandir o acesso a um produto diferente. A Bohemia Oaken surgiu no final de 2008 com status elevado, vendida apenas em kits com duas garrafas, copo e caixa de madeira, a uns bons trocados (R$ 80, salvo engano). Agora, sai a menos de R$ 6 nos supermercados. O diabo, porém, parece morar no copo. Porque nele, a meu ver, a Bohemia Oaken começa a mostrar que, entre a ideia no papel e o líquido que sai da garrafa, algumas coisas parecem ter se perdido. Creio que a principal é a ousadia: ora, se é para fazer uma cerveja com presença de carvalho em seu aroma/sabor, que se faça com propriedade e notas mais intensas, que, ao mesmo tempo, harmonizem bem com outros elementos da cerveja. Um bom exemplo? A Coopers Vintage Ale que também está disponível por estas bandas. Alguém poderia alegar que a Oaken, do jeito que é, não "assusta" o iniciante em cervejas logo de cara, servindo de "acesso" a outros produtos diferentes. A tese, porém, acaba derrubando a oportunidade de se fazer uma bela cerveja de estilo inglês (uma ale, por exemplo, e não uma lager), com boa presença de maltes (e, se possível, puro malte) se equilibrando com as notas de madeira. Será que o consumidor, em nome de quem se mudam tantas coisas na cerveja (algumas poucas boas também, é verdade), não iria gostar mais? Com a palavra, os degustadores.

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