Das páginas ao copo
DIRETO AO PINT
Gavroche (França, 330ml)
Preço estimado: R$ 23 – www.nonobier.com.br
Quem traz: Casa da Cerveja
Estilo: Ale / Biere de Garde
Teor alcoólico: 8,5%
Aroma: Malte caramelo, leve frutado (frutas vermelhas?) e tostado, lúpulo (herbal?), condimentado, um quê de chocolate ao fundo
Sabor: Adocicado inicial, leve licorosidade, frutado, lúpulo, leve picante/condimentado, final seco moderado e álcool destacado. Corpo médio a alto, denso, carbonatação idem; amargor médio a baixo
Cor: Castanho clara, translucidez média a baixa
Espuma: Bege clara, cremosa, densa, média a alta formação e duração
Nota 4 em 5 – Boa cerveja, com bela espuma e cor e bom balanço entre malte, lúpulo e fermento. No ajuste fino, carbonatação poderia ser um pouco menor e a presença do álcool, ligeiramente mais camuflada. Mas é uma cerveja interessante
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Além do formato diferente da garrafa, uma das primeiras coisas que chama a atenção na cerveja é o rótulo (dependendo da curiosidade e pressa do degustador, claro). Uma boa memória, também substituída por uma pesquisa no Google, remete o conto Os Miseráveis, de Victor Hugo. Gavroche é o nome de um garoto da narrativa, que, nascido na França do Século 19, em um período entre batalhas, vive nas ruas e é ignorado pela família. Acaba morto ao recolher balas em barricadas. É o rosto do personagem que aparece no rótulo da cerveja.
Menos triste, mas igualmente atribulada, é a história da bebida. Segundo o livro “1001 cervejas para beber antes de morrer”, o plano original da cervejaria St. Sylvestre era lançá-la em 1989, no bicentenário da Revolução Francesa. Os proprietários, porém, não teriam ficado satisfeitos com o produto à época, e passaram-se oito anos até que ela fosse às ruas (e às prateleiras e copos). Pessoalmente, a cerveja me agradou mais do que a outra receita da fábrica trazida ao Brasil, a Trois Monts. Mas também há questão de gosto: prefiro as biéres de garde francesas escuras, caso da Gavroche, às claras como a Trois Monts.
O nome do estilo significa cerveja de guarda, e remete ao fato de ter surgido em fazendas no norte da França, onde a produção ocorria no inverno e primavera para evitar problemas de contaminação (pelas leveduras selvagens presentes no ar) e temperatura no verão. Pela proximidade dos países, elas também são consideradas “parentes” das saisons belgas. No caso da Gavroche, há ainda refermentação na garrafa, segundo o produtor.
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