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Meantime London Stout: a graça das 'session beers'

Depois do festival de cervejas americanas que ocorreu aqui em São Paulo em junho, junto com a Brasil Brau, e de uma viagem às cervejarias italianas, em setembro, tive uma "epifania etílica" enquanto tomava cerveja no último final de semana. Percebi que, ultimamente, sempre tenho optado por cervejas "extremas": a mais lupulada (e amarga), a mais alcoólica, a com mais malte torrado e por aí vai. Felizmente, essa busca pelos "limites" da cerveja acaba em suas características, não se estendendo à quantidade (em um post anterior, disse que um litro, no máximo, já me bastava por degustação; com o ritmo de trabalho, ultimamente, mal tenho consumido um litro de cerveja por semana...rs). A questão é que, seja por curiosidade em degustar novas cervejas e/ou as mais peculiares, não é difícil um apreciador da nobre bebida se enveredar pelos "extremos" do paladar. Nesse caso, é preciso uma dose extra de bom senso na hora de degustar e, principalmente, avaliar as cervejas. Uma Imperial IPA hiperlupulada tende a ser sempre mais agressiva/marcante que uma IPA inglesa, que, por suas características históricas, é mais sucinta. Mesmo assim, e ainda aproveitando o exemplo das IPAs feitas na Inglaterra, há diferenças: a produzida pela Fuller's não me agrada tanto quanto a da Meantime. E olha que a Fuller's tem cervejas excepcionais, como a Golden Pride, a ESB e a 1845. Aí chegamos à Meantime. Aberta em 2000, a cervejaria ganha seu nome pela localização geográfica, a apenas alguns quilômetros do Meridiano de Greenwich (mais precisamente, a 0°2'12''), que divide o mundo em leste e oeste. Os donos resolveram apostar em uma linha de cervejas "pouco tradicionais", que incluem uma Coffee Porter (com café) e uma Chocolate Stout (cujo ingrediente dispensa explicações), além da própria IPA com amargor mais "cortante" que a da Fuller's. Mas a Meantime tem em sua linha, também, algumas session beers. Talvez a tradução mais provável para o "sabor" brasileiro seria "cerveja de bar" ou "cerveja de churrasco", mas, pela qualidade do que tem sido consumido nesses dois eventos sociais por aqui (leia-se um sem número de "loiras" sem graça), talvez seja melhor se ater ao técnico "cervejas para se consumir em quantidades maiores". Justamente por essa característica, a session beer não tem (ou não deve ter, para o bem do bebedor) características "extremas". Mas isso não quer dizer que seja uma "água com gás e álcool", pelo contrário. Há bons exemplos que unem qualidade e suavidade: me agrada, por exemplo, a London Pride da Fuller's, com seus 4,5% de teor alcoólico, e bom balanço entre malte e lúpulo (embora, para quem tome lagers industriais, possa parecer, a princípio, consideravelmente amarga). Ao provar a Fuller's London Stout, o embate entre os dois tipos de cerveja veio direto ao cérebro. A primeira reação foi considerá-la "fraquinha", dizendo quase que imediatamente: "Sou mais fã da Baden Baden Stout". Não se trata (apenas) de valorizar o produto nacional: a Baden é mais forte (7,5% de teor alcoólico contra 4,5% da Meantime), mais encorpada e com mais malte torrado, que chega a secar a boca. Depois de algum tempo analisando a cerveja inglesa, porém, cheguei a outra conclusão: "Não é uma cerveja marcante à primeira vista, mas certamente poderá ser vista repetidas vezes ao longo de uma tarde". Reconheço que essa análise sugere uma avaliação um pouco mais positiva da Meantime London Stout do que indica a nota dela na ficha acima. Mas acho que a forma como vemos a cerveja também depende de como nos encontramos naquele dia. Uma session beer é boa quando você pode tomá-la calmamente, sem se preocupar com a hora (e, fortuitamente, em voltar para casa, se já estiver nela). Como os finais de dia têm sido cansativos ao ponto de não ter vontade de tomar cerveja ao chegar em casa (essa fará São Gambrinus dar cambalhota no bar celestial!), tenho andado numa fase cervejeira mais "extrema". Mas isso muda logo, logo...

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