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Melhores de 2012, parte 28: Eduardo Boger

Eduardo Boger, médico, cervejeiro caseiro e co-proprietário da cervejaria não-comercial BSG (Boger, Sassen & Gitzler), de Porto Alegre (RS): 1) MELHOR ALE NACIONAL Esta é fácil. A pale ale da paranaense Way é uma cerveja consolidada, que se impõe com naturalidade no estilo american pale ale. Seus lúpulos chegam a deixar muitas IPAs nacionais e estrangeiras "coradas pela economia". Aroma, amargor na medida, refrescância. "É a cerveja que todos deveríamos ter sempre na geladeira", me disse um amigo. Eu endosso completamente. Acho que a cervejaria caminha para ser "a nossa Sierra Nevada" e a american pale ale deles será seu carro chefe. 2) MELHOR LAGER NACIONAL A cervejaria gaúcha Barley é tradicionalmente produtora de cervejas lager, da escola alemã. Neste ano deixou-me impressionado com um cerveja um pouco mais forte, alcoólica, mas extremamente refrescante, em comemoração ao seu aniversário de 20 anos. Faço votos de que ela permaneça no rol das cervejas da Barley, não nos deixando órfãos de sua suavidade e caráter de malte que impressionam em uma cerveja neutra e mais forte. Só depende do "tio Chico e do Gustavo"! 3) MELHOR ALE IMPORTADA Para mim a 5AM Saint da Brewdog é a cerveja. Amber, lupulada, ousada. O interessante é que passa a impressão de ser uma cerveja oriunda das terras do tio Sam, mas veio recheada de inspiração do Velho Mundo. O renascimento americano arejou algumas cabeças europeias e abriu as portas para cervejas pouco convencionais, como algumas que brassamos há anos na BSG e que foram "pouco compreendidas", por assim dizer. Sim, cervejas extremamente lupuladas podem esconder defeitos e ter alguma dificuldade para obterem um equilíbrio entre a dose do lúpulo e os outros ingredientes. Mas cervejas com lupulagem agressiva têm seu perfil de clientes e não são "feias", como já ouvi. Sorri internamente ao provar a 5 AM, pois pensei que veria muita gente ser provocada a repensar valores com uma cerveja vinda de fora, exatamente como acontece na Europa com as cervejas vindas dos EUA. God save the hops! 4) MELHOR LAGER IMPORTADA A Pilsner Urquell é uma cerveja honesta. Está muito acessível (nos pontos de venda) atualmente. Entrega o perfil limpo das lagers com uma assertiva dose de lúpulos. Uma autêntica mata-sede. 5) MELHOR CHOPE Melhor chope? Caprichado, desenvolvido por um mestre das cervejas lagers artesanais, em taças, com perfeccionismo, temperatura correta, puro malte, espuma perfeita e adaptada ao paladar brasileiro. Não tenha dúvidas se passar por Porto Alegre, confira as pilsners (pilsen e extra) do Ido Schneider no Hidden Brewpub. O Ido é um dos cervejeiros mais antigos do pampa e já tirei muito sarro dele pelo assunto lagers e ales. Tudo brincadeira: o cara é fera e a minha preferida entre as duas é a pilsen comum mesmo. 6) MELHOR BAR CERVEJEIRO Confesso que viajo pouco pelo País para opinar sobre bares do Brasilzão. Então vou destacar um que está mais próximo, o Lagom. Um brewpub da melhor qualidade, que nos oferece cervejas variadas, comida elaborada e a preços honestos. Agora deve crescer mais ainda em popularidade com a inauguração de sua filial, também em Porto Alegre. Os donos são cervejeiros da primeira leva, alguns deles conheço desde 2007. Vai fazer escola pelo País! 7) MELHOR CERVEJA CASEIRA Tem muito caseiro fazendo cervejas de excelente qualidade. Difícil agora é achar alguma ruim. Se eu fosse escolher, provavelmente seria injusto, pois tomei tanta coisa legal e em um nível de exceção que me reservo ao direito de não determinar uma. Quem me conhece sabe que não escondo opinião e não faço média. Então, a todos a quem disse que tinha tomado uma ótima cerveja sua, sintam-se votados! 8) MELHOR CERVEJA DO ANO, AQUI OU LÁ FORA Neste quesito eu votarei na cerveja que mais me impressionou na turnê cervejeira pela Califórnia em junho passado (mais de 20 cervejarias visitadas no Estado todo). A Green Flash Rayon Vert. Trata-se de uma cerveja que passa por uma fermentação convencional e, após esta, recebe uma pitada de Brett (brettanomyces). O acerto neste processo, junto com os maltes e uma pitada bem West Coast de lúpulo, me deixou com saudades e um "quero mais".  É algo que eu poderia traduzir a vocês como uma Orval aprimorada, algo diferente mesmo do conceito de cerveja, remetendo às vezes a outras bebidas fermentadas (como vinho espumante e sidra), de que também sou apreciador. Eu não sei se ela é a melhor, mas foi a que mais mexeu comigo em 2012. 9) RÓTULO MAIS BONITO DO ANO Em meio a muitos rótulos extravagantes, com apelos para o inusitado, às vezes o demoníaco, eu encontrei a Red Poppy Ale, da The Lost Abbey. Esta cervejaria usa o equipamento original da Stone(ambas ficam próximas a San Diego) e é o "lado belga" da Port Brewing. O rótulo traz uma flor (e por que não?) belga, vermelha da cor da paixão, comungada por cervejeiros "santinhos e pecadores". A simplicidade, a escolha dos tipos, o fundo preto e fosco,  um conjunto que me impressionou em uma garrafa estilo belga. A flor estabelece conexões entre a Bélgica e a Califórnia e a cerveja, de inspiração belga, usa sour cherries na sua composição. Magnífico! 10) NOVIDADE DO ANO Hidden Brewpub, em Porto Alegre. Um brewpub que foca na qualidade das cervejas e dos petiscos, no tratamento familiar que só poderia acontecer em um lugar como aquele, onde os donos te fazem sentir-se em casa (e isto é fato!) e em um segmento inovador de atendimento a um público regionalizado e distante dos lugares comuns dos centros urbanos. Inusitado. 11) MELHOR FATO CERVEJEIRO A expansão da cerveja artesanal. A possibilidade crescente de encontrá-la em bares, restaurantes, lojas especializadas e também supermercados e lojas de conveniência. Cada vez elas estão mais próximas da gente. Me pergunto se eu começaria a fazer cerveja hoje em dia, se tivesse tantas opções naquela época. 12)    PIOR FATO CERVEJEIRO O fechamento do bar Saaz, do amigo Pacheco, em Curitiba. Acompanhei a história deles desde o Carocha e achei triste ver fechar este templo da cerveja artesanal.

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