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Com licença: posso falar sobre foie gras?

Bom, todos já devem ter lido. Se não viram, confiram aqui, com o Diego Zanchetta. Foi aprovada, em primeira votação, a lei que pretende banir o consumo de foie gras em São Paulo. O autor é o vereador Laercio Benko, do PHS. Acho realmente preocupante que uma medida tão extrema siga adiante tão sem debate, tão sem fundamentação. Telefonei para o gabinete do vereador. Como cidadão, como jornalista especializado, queria conversar a respeito. Recebi uma ligação de sua assessoria, que me garante que ele entrará em contato comigo. Qual a questão de fundo, da parte dele? Alimentação forçada. Bem, a julgar por aí, então teremos de proibir frango, carne bovina... O chef Julien Mercier já tocou no tema, no próprio Paladar. Ainda segundo a assessoria do vereador, Benko formou seu juízo em 2009, numa viagem à Hungria. Ficou horrorizado com o tratamento dispensado a patos e gansos, o que se justifica ? sabemos que os adeptos mais radicais de práticas poucos sustentáveis são os produtores do Leste Europeu. Parou de comer foie gras e, por conseguinte, decidiu que São Paulo também deveria parar de fazê-lo. Contudo, por que em nenhum momento se falou sobre o consumo de produtos dos chamados criadores "éticos", que não usam recursos como a tal gavage? Por que não incluir esses elementos no diálogo? Por que, aliás, não tivemos diálogo? Se o público vai consumir fígado gordo ou não, creio que deveria ser uma opção, uma escolha. Não uma imposição feita sem os devidos esclarecimentos. Antes de simplesmente riscar do mapa municipal uma matriz cultural, uma tradição gastronômica, bem podíamos expor argumentos e nos tratar, mutuamente, como adultos. No mínimo isso, já que haverá outra votação. Eu aguardo o contato do vereador. E vou colocando vocês a par. Atualização importante: acabo de receber ligação (às 19h42) do vereador Laercio Benko. Conversamos por 20 minutos, o diálogo foi gravado. Ele disse que gostaria de saber mais a respeito do foie ético, que isso pode até eventualmente mudar os rumos do projeto. Neste momento, segundo o vereador, cria-se o espaço para as audiências públicas, e ele afirma estar aberto a ouvir as considerações de chefs, produtores, imprensa, consumidores. Sem trocadilho, ou com, ele garante que não quer empurrar a questão goela abaixo da sociedade. Reconhece que carece de mais informações e baseou seu projeto muito mais em percepções pessoais (e no horror generalizado à gavage) do que em opiniões fundamentadas. É o momento de, no mínimo, conseguirmos um debate adulto e mais bem argumentado a respeito. Prometo publicar os principais pontos da conversa. Retornarei ao assunto, sempre que houver novidade.

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