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Feliz 1999

Tenho uma atenção especial com o ano de 1999. Sei que a safra não foi nada de muito brilhante na França e em algumas regiões da Espanha, apesar de ter sido ótima na Itália. Mas o fato é que o penúltimo ano do século 20 me interessa porque foi quando nasceu minha filha. Qual exemplar de 1999 deixarei guardado para desarrolhar quando ela fizer 18 anos? As possibilidades são várias, mas uma delas foi aberta hoje. Um J. Lohr Hilltop Vineyard Cabernet Sauvignon, produzido em Paso Robles, California. Por que hoje? Não sei. Mas olhei para ele e achei que não deveria aguardar até 2017. Creio que não cometi um grande erro. O J. Lohr estava ótimo (1999 foi um bom ano na América), com sua cor intensa, já adquirindo um tom acastanhado. Mas tinha boa acidez, fora os tostados e as frutas maduras que dele se esperavam. Um vinho concentradão, com 24 meses de estágio em carvalho francês, mas já domado pela idade. Aos dez anos, assim, ele foi abatido na companhia de um contrafilé, no Pobre Juan de Higienópolis (a rolha custa trinta pratas). Se ele atravessaria bem os próximos oito anos, não me arrisco a afirmar. Uma das conclusões da recente reedição do 'Julgamento de Paris', confrontando grandes châteaux de Bordeaux e alguns top de linha da Califórnia, foi justamente provar que os californianos podiam envelhecer, e bem (havia exemplares, na degustação, com mais de 30 anos). Não conheço quase nada de vinhos americanos, mas também não quis pagar para ver. Faz algum tempo que deixei de desprezar minhas intuições. Se encasquetei que era para abrir, que assim fosse. Não me arrependo. Eu e minha mulher gostamos do vinho, o garçom que o abriu (e decantou, sem que eu precisasse pedir) adorou. Minha filha, obviamente, não bebeu. Mas testou o olfato. "Tem cheiro de uva e de álcool", disse. Quem sabe o próximo 1999, daqui a alguns anos, ela possa provar.

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