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Modernidade à portuguesa

FOTO: José Patrício/Estadão

Não é padrão desta coluna fazer autorreferências. Mas vamos lá, porque me parece pertinente. Há seis anos, escrevi um texto que chamei de Quem será o não Antiquarius?. Resumindo: não estava na hora de surgir por aqui uma casa portuguesa que não seguisse os padrões palacianos e o cardápio majoritariamente bacalhoeiro da grife alentejano-carioca? A quem caberia promover o aggiornamento de uma modalidade culinária tão estimada pelos brasileiros? O nome do chef Vitor Sobral, então às voltas com o projeto do que viria a ser a Tasca da Esquina, evidentemente veio à baila. Sobral, como se sabe, abriu a Tasca nos Jardins, em 2011. E há quase dois meses inaugurou sua versão mais informal, a Taberna da Esquina, com ares de bar e receituário que estimula o compartilhamento. O novo espaço é agradável, bem iluminado; com a virtude de se prestar tanto a uma refeição à base de tira-gostos como a um repasto mais convencional. O menu divide-se pelo estilo de cocção, por assim dizer: há conservas, frituras, grelhados, pratos de resistência (e suas guarnições), sobremesas. No almoço da semana, há ainda uma fórmula executiva, da entrada ao doce. Para beber, a pedida é o vinho, de várias regiões portuguesas. Em minhas três visitas, tive experiências distintas. No frigir dos ovos (com ou sem trocadilho, escolham), gostei. Principalmente pelo repertório, pela atualidade portuguesa que a Taberna propõe ao panorama luso-paulistano. Só não foi melhor por algumas questões, a saber. Acho que algumas preparações ofuscam o ingrediente principal: a barriga do dito (R$ 21), por exemplo, com os temperos se sobrepondo demais à boa carne de porco; ou o queijo que predomina nos muito bem fritos bolinhos de arroz, bacalhau e queijo (R$ 23). Também dei azar justo com ele, o bacalhau: o lombo grelhado (R$ 92), uma bela peça, chegou à mesa bastante salgado, depois de uma considerável espera (a cozinha, nas duas primeiras oportunidades, esteve mais para lenta). Alguns itens, em contrapartida, foram memoráveis. A alheira com quiabos grelhados e picles de cenoura (R$ 29,50); as lulas de coentrada (R$ 37), quase crocantes; as pataniscas de bacalhau com legumes, leves e sequinhas (R$ 21). E, em especial, as costeletas de javali grelhadas (R$ 120), prato para dois que, a meu ver, serve até três, um dos melhores do gênero que comi nos últimos tempos (junto com o lombo do Tête à Tête). Para acompanhar, guarnições igualmente saborosas, como o purê de grão-de-bico e as batatas-doces assadas. Entre as sobremesas, não tem toucinho do céu nem pastel de nata: então, divirta-se com pudim de azeite (R$ 18) e baba de camelo (R$ 16), que caem bem.

Por que este restaurante?

Porque é uma boa novidade.

Vale?

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O almoço executivo custa a partir de R$ 52 (há uma variante de R$ 58, o menu do mar, com pescados e afins). À la carte, a conta pode oscilar bastante, dependendo do ímpeto com as escolhas (partilhe!). Mas, numa refeição de fio a pavio, come-se gastando entre R$ 100 e R$ 150, sem bebida. Vale.

SERVIÇO | Taberna da Esquina

R. Bandeira Paulista, 812, Itaim Bibi Tel.: 3167-6489 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/23h (5ª e 6ª até 0h; sáb., 12h/16h e 19h/0h; fecha dom.) Estac.: manob. R$ 20. (Sem metrô ou ciclofaixa)

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 2/4/2015

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