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Prophets like Moses?

É preciso manter a calma, ser tolerante. Mas tem um hábito dos restaurantes que realmente está se tornando cansativo. Basta entrar, escolher a mesa, sentar, que já vem um garçom, quando não o próprio sommelier, carregando a carta de vinhos como uma espécie de Moisés carregando a tábua dos mandamentos. "Já quer escolher o vinho, senhor?". Não, obrigado, eu não quero. Primeiro, eu preciso descobrir o que vou comer.  E sabem o que é mais curioso? Muitas vezes, tenho que pedir é o cardápio, porque ele só vem muito depois. Eu chego aos restaurantes em geral com fome, com vontade de experimentar entradas e pratos etc. Comida, em suma. Não com sede de vinho. Um tinto, um branco, um espumante, vem sempre a reboque (ou posso só beber água, por que não?). Certo, há vinhos especiais, que podem determinar as escolhas dos pratos, isso é óbvio. E se eu tenho um vinho realmente especial, ao redor do qual se construirá a refeição, é  provável até que eu mesmo o leve ao restaurante. Mas a discussão, por ora, não é essa. Trata-se de um mero desabafo, depois de ouvir pela décima vez nos últimos dias, antes mesmo de me acomodar na cadeira: "Já quer escolher o vinho, senhor?". Pude viajar bastante ultimamente; e também em outras ocasiões. E em nenhum lugar fui recebido com garçons que, liturgicamente, logo de cara nos entregam a carta de vinhos - quase no mesmo timing em que colocam uma comanda em nossas mãos em algumas padarias. Por que precisamos desse tipo de salamaleque? Não acho que isso venda mais vinho. (E o que vende? Bem, eu diria que montar cartas menos repetitivas e com preços menos abusivos me parecem políticas mais acertadas). Isso tudo me parece apenas uma afetação, muito mais do que um mandamento (ops, de novo o decálogo) do bom serviço. Então, respondendo de novo: "Não, eu não quero a carta de vinhos. Quero o cardápio. Depois, sabendo o que vou comer, quem sabe eu peça um vinho".

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