Emiliano. Bons pratos, ambiente classudo e atendimento mais solto. FOTO: Felipe Rau/Estadão
O novo chef, vamos recapitular, chegou a São Paulo em janeiro, com a complicada tarefa de substituir José Barattino ? um profissional de talento, com verve de pesquisador e uma visão de gastronomia que vai além dos cânones da pasta e do riso. Natural da Sardenha, Impera trabalhou em Milão e, especialmente, em Londres, onde passou por lugares como o Hotel Baglioni e o Babbo. Sua formação, assim sendo, aponta para uma Itália globalizada e culinariamente eclética, de feição mais clássica. No novo cardápio do Emiliano, proposto depois de algumas semanas de adaptação, o mestre-cuca apresenta um painel de várias regiões. E demonstra desenvoltura técnica ao dosar o que há de noturno e nortista em pratos como o já citado ossobuco (R$ 77, que ele prepara, como diz o menu, ?come a Milano?) com o que existe de solar e sulista em sugestões como o carpaccio de polvo (R$ 38) e os gnocchetti sardi com linguiça e brócolis (R$ 59), ambos aromáticos, saborosos, sem cair em desequilíbrios. Porém, respondendo à pergunta do primeiro parágrafo, nem tudo foi no nível da primeira visita. Uma entrada como a panzanella toscana (R$ 32) ficaria melhor se, digamos, a escolha de um bom azeite predominasse sobre a adição um tanto gratuita de mussarela de búfala. Já no tartar de filé com balsâmico (R$ 45), o que prevalece é o gosto da carne, simplesmente ? e, se a intenção era essa, então a matéria-prima deveria ser de um outro patamar. Eu esperava mais também do pappardelle com ragu de pato confit (R$ 67), sutil demais, carente de um certo apuro. E gostei do carré de cabrito com crosta de pistache (R$ 68), embora o melhor do conjunto fosse a guarnição, a berinjela à parmigiana. Os doces, que seguem sob os cuidados do pâtissier Arnor Porto, devem mudar só mais para frente. O que não é um problema, já que a carta de sobremesas atual é cheia de boas (e caras) opções. O serviço do Emiliano, por outro lado, também parece em transição. A brigada já teve fases de presença excessiva, com intervenções demais e muitas perguntas. No momento, o atendimento talvez busque um pouco mais de naturalidade. E, ainda que os profissionais demonstrem uma certa dúvida se devem deixar as mesas mais à vontade ou ficar de olhos bem abertos sobre os comensais, eu arriscaria dizer que mudou o sistema de marcação. Antes, era individual; agora, é por zona. Aliviou, enfim.
Por que este restaurante?
Por causa do novo cardápio, montado pelo novo chef.
Vale?
Sem bebidas (e fora do almoço executivo), gasta-se entre R$ 150 e R$ 200 numa refeição de ponta a ponta. Alguns pratos estão realmente bons, o ambiente é classudo, o estacionamento é cortesia e coisa e tal. Mas pesa, não?
SERVIÇO - EMILIANO
R. Oscar Freire, 384, Jd. Paulista Tel.: 3068-4390 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/24h (sáb. e dom., almoço até 16h) Cc.: todos Estac. c/ manob.: cortesia