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O de sempre

Nesta semana, aqui no blog, um dos assuntos foi a política de vinhos de restaurantes. Comentei, entre outras coisas, que as cartas, no geral, são caras e repetitivas. Queria agora discorrer sobre um aspecto advindo desse problema. Muita gente gosta de frequentar sempre os mesmos restaurantes, para provar coisas já testadas, para saciar o apetite com sabores conhecidos. Vinho, inclusive. Mas muitos outros vão para tentar coisas novas, se aventurar por pratos que nunca provaram. E aí, neste último caso, eu creio que as cartas de vinho não contribuem para os espíritos novidadeiros. Um bom sommelier, é evidente,  pode ajudar o cliente a se embrenhar por aquilo que não é óbvio. Mas bons sommeliers ainda são poucos. E são profissionais caros, acessíveis à elite dos estabelecimentos. Os chamados vendedores de vinhos, no entanto, são mais numerosos. Para estes, o que importa é compelir o visitante a pedir uma garrafa. O que for, qualquer coisa vale. No temor de fazer uma escolha errada, no receio de correr riscos, na necessidade de não gastar tanto, a tendência é se refugiar nos vinhos de sempre,  de preferência os mais baratos. E aí temos aquela abundância de Farnese, Alamos Malbec e cia. sobre as mesas. Não tenho nada contra esses vinhos, vejam bem. Mas parece que só existem umas seis possibilidades no mercado. Como opção em taça, então, nem se fala: sempre os mesmos. As cartas, portanto (sejam elas mais ou menos extensas), acabam geralmente deixando de abrir uma porta nova para o comensal. Pelo contrário. Só reforçam as certezas existentes, por uma espécie de ditadura do custo/benefício: entre gastar demais e se arriscar por algum rótulo 'inédito', a maioria vai no seguro. Pois existe uma pressão para tomar vinho, venha ela do serviço, seja por status, seja para não passar por pão-duro. Porém, o melhor mesmo seria se o prazer fosse o aspecto determinante. E se as boas alternativas fossem também mais acessíveis. Porque, voltando ao início, as listas de tintos, brancos e cia, em geral são caras. E são repetitivas. E assim vamos.

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