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O próximo prato

Ir a restaurantes é muito bom. Mas ir a restaurantes cansa. E como se descansa, neste caso? Comendo em casa, o que também é bom. Fico sempre dividido: gosto e preciso almoçar e jantar fora, por um lado; mas também gosto de cozinhar. No sábado à noite, minha mulher e minha filha não queriam sair, preferiam jantar em casa. Fiz então uma sopa de cogumelos, muito simples. É realmente fácil, para quem quiser tentar nesses dias de outono. Primeiro preparei um  caldo de legumes (cenoura, salsão, cebola, ervas etc), que viria a ser a base da sopa. Quase duas horas no panelão com água. Paralelamente, enquanto o caldo apurava, refoguei então um mix de portobello e Paris, grosseiramente picados, com azeite, um pouco de alho, um pouco de vinho (dá para usar todo tipo de cogumelo). Passei então tudo no processador, líquidos e sólidos, reservando alguns pedaços inteiros para serem adicionados no final - minha filha disse não queria uma sopa simplesmente, queria mastigar. Depois, foi só volver à panela, esquentar, corrigir temperos. O que eu queria comentar, no entanto, não é nem sobre a tal sopa. Apenas quero contar como essa brincadeira não tem fim: há sempre o próximo restaurante, a próxima receita... Eu não canso de me espantar com um momento quase mágico que, felizmente, sempre se repete. Você se sente sem apetite, meio disperso, cansado. Mas aí toma seu lugar na mesa, começa a investigar o cardápio, a reparar nos pratos que saem da cozinha, a tentar entender a movimentação do salão. E, como que por milagre, a fome aparece; e você se sente pronto para as surpresas (boas e ruins), como se aquilo fosse algo incomum na sua rotina.  Apenas uma necessidade vital? Também, claro. Todos nós temos de comer. Mas tem algo mais. Ainda que sem liturgias nem pompas, parece que sempre acontece um micro-ritual de renovação. Seja na mesa do restaurante, seja numa simples sopa que sai da sua panela, num jantar improvisado em casa.

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