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O quimono novo do Miyabi

Publicado no Paladar de 22/4/2010 Se alguém convidar você para jantar num restaurante localizado no meio de uma praça de alimentação de shopping, cujos elementos decorativos mais destacados são uma fachada de vidro verde e uma parede de pastilhas vermelhas, pense bem antes de recusar, mesmo se for sensível a ambientes. Pois pode se tratar do famoso Miyabi. Reaberta no dia 12, a casa do respeitado Massanobu Haraguchi ficou fechada mais de um ano. Agora, o restaurante não ocupa mais o subsolo do Top Center (onde era vizinho do cultuado A1), mas sim o primeiro piso, junto de lanchonetes e outros espaços dedicados à fast-food. Nem tem mais aquele ar de esconderijo, já que o projeto de Ruy Ohtake propõe uma identidade mais moderninha e metropolitana. Isso significa que a alma do velho Miyabi ficou para trás? De jeito nenhum. O japonês continua sendo o idioma vigente, mesmo no atendimento, encabeçado pela simpática senhora Tangue, uma das sócias. E, no que se refere à comida, felizmente, tudo parece em ordem. Os pratos clássicos continuam no cardápio (que foi acrescido de itens nem tão castiços), e a cozinha ganhou dois reforços: Daiske Takao, ex-A1, nos pratos quentes, e o sushiman Takashi Yoka, do Aizomê, no balcão (Takashi, porém, fica só até maio). Ir ao renovado Miyabi de dia é uma experiência completamente diferente do que visitá-lo à noite. Na hora do almoço, há aquela confusão de meio-dia na Avenida Paulista: filas, pessoas com pressa, cheiros variados se misturando pela praça de alimentação. Ainda que o restaurante seja fechado, é difícil filtrar a agitação externa. Mas, indo ao que interessa, come-se bem. Dá para escolher à la carte ou pedir alguma variação de omakasê (o menu-degustação). Porém, as alternativas mais adequadas são os pratos feitos (entre R$ 30 e R$ 40). Um deles propõe uma seleção de sushis, honesta e bem sortida. Outro, tempurá de camarão (em ótimo ponto de cocção, mas com uma crosta um pouco espessa) com salada. Mas os pratos de carne de porco, em especial, servidos com teishoku, foram os melhores - tanto a pancetta (num caldo delicioso, com um nabo de consistência firme e macia) como o lombo à milanesa com karê. À noite, a atmosfera é outra. Se a balbúrdia é menor, há, por outro lado, aquele clima de praça de alimentação em fim de expediente. Mais uma vez, releve: o que importa é o que vai no prato. E o jantar no Miyabi convida a sentar no balcão e pedir uma das opções de omakasê, entre R$ 80 e R$ 180. Na fórmula de R$ 150, a refeição começou com três otoshis (entradas) diferentes, entre elas um interessante amálgama entre filhotes de enguia e nozes. Seguiu com sashimi (e niguiri) de um excepcional toro, além de gostosos sushis de peixe-serra e linguado, e pratos quentes, como atum e ostra grelhados com cogumelos. Mas brilhou mesmo nas coisas simples. Como o caldo dobin-mushi, trazido numa minichaleira de porcelana, para ser sorvido ao longo do menu; e o udon, só com caldo e cebolinha, servido no fim da jornada. É caro? Sem dúvida, ainda que o omakasê inclua toro e iguarias importadas. Mas você paga sem ter a sensação de ter sido ludibriado. Apenas se espanta quando sai do balcão e dá de cara com o novo décor: é mesmo o Miyabi? Miyabi Av. Paulista, 854, lojas 79/80, 3289-4708, 11h30/14h30 e 18h/22h30 (fecha dom. e feriados) Cc.: M e V Cardápio: japonês clássico, com sushis mas principalmente pratos quentes

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