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Parlez-vous italiano?

Parece que foi outro dia, como diz o clichê. Mas eu ainda lembro, há coisa de três anos, do número 37 da Rua Mário Ferraz sendo ocupado pelo Sake Japanese Fusion. Para, logo depois, abrigar outro japonês, o Shinjuku, com o decano Shundi Kobayashi à frente do balcão (ao menos, nas primeiras semanas). E, desde julho último, passar por outra metamorfose, inclusive de nacionalidade, e se converter no italiano Benedictine. O novo restaurante é comandado por Marcílio Araújo, por 12 anos chef do Le Vin. Sua sócia é Cecilia Ribeiro, que nem precisou mudar de endereço, já que era proprietária do extinto Shinjuku. A inspiração de Araújo vem da cucina mais clássica, com itens de várias regiões, Toscana e Piemonte em especial. Mas eu arriscaria dizer, sem juízo de valor, que esse italiano reforça os erres, meio à francesa. E alonga as vogais, do jeito paulistano. Já vou explicar por quê.

Benedictine. Italiano com erres à francesa e vogais paulistanas. FOTO: Nilton Fukuda/Estadão

Ex-cozinheiro de Erick Jacquin nos tempos de Café Antiqüe, especializado em standards de bistrô, Araújo é atento às cocções e tem senso de equilíbrio. No geral, comi direito. Mas fico aqui matutando sobre a concepção de alguns pratos, mais do que sobre as execuções. Começo pelos pontos mais destacados das visitas: o ovo perfeito com botarga ralada (R$ 25), uma sugestão de domingo; o pato assado na panela (R$ 58), tenro e com um molho de sabor profundo, com cogumelos e purê, ao estilo da receita preparada no finado Antiqüe e no La Brasserie; o pain perdu de sobremesa (R$ 16), chamado no cardápio de raffica di vento. Com menos entusiasmo, gostei ainda da costeleta de vitela à milanesa (R$ 81); do espaguete à carbonara (R$ 42); e do pici (R$ 51) feito na casa, com molho à sporcellata (linguiça e cogumelos). Mas vejamos a carne all?albese (R$ 32): a simples menção do prato me faz pensar num belo corte picado na faca, com um bom azeite, e nem estou falando de trufas (deixemos isso para quem estiver em Alba). Na versão do chef, a carne parece moída, temperada como um steak tartare, com cebola além do necessário. Pode? Claro que pode, mas vale avisar que se trata de uma reinterpretação ? acompanhada, diga-se, de uma ótima rosácea de batata. Sobre a panzanella (R$ 23), acho que o pão poderia ser mais marinado: na proposta da casa, ele é quase um crouton (o que também rende debate: cada italiano faz do seu jeito). Já ao branzino al vapore (R$ 62), robalo com emulsão de limão-siciliano, guarnecido por palmito e alcachofras, falta contraste. É mais tíbio do que delicado, à parte o ponto preciso do peixe. Com relação aos vinhos, a carta, se não é notável, não pratica preços absurdos. E há uma razoável variedade de opções em taça. Inclusive brancos e espumantes, que combinam especialmente com as mesas de fora, na entrada.

Por que este restaurante?

Porque é uma novidade. E uma incursão à italiana de um chef que trabalhou muito tempo com cozinha francesa.

Vale?

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O executivo de almoço custa R$ 46. A refeição, sem vinho, sai entre R$ 100 e R$ 150 por pessoa. Dá para arriscar.

SERVIÇO - Benedictine

R. Dr. Mario Ferraz, 37, Itaim Bibi Tel.: 3034-3125 Horário de funcionamento: 12h/16h e 19h/0h (sáb., 12h/1h; dom., 12h/18h) Cc.: todos Estac.: Valet R$ 18

>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 12/9/2013

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