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Parrillas que falam portunhol

Publicado no Paladar de 8/11/2012 Para alguém que, como eu, ?só queria jantar?, a Casa Nero pode soar como um programa um tanto deslocado. A ambientação é escura (como diz o nome) e a decoração brinca com elementos que evocam a estética ?cowboy de churrascaria?. A música é quase alta. Os garçons têm mais estilo de clube noturno que de salão. Porém, ler o que vai além de aparências e primeiras atmosferas é tão importante quanto o exame atento de um cardápio. Pois as coisas funcionam bem. A proposta concebida pelo chef e sócio Leo Botto (os demais proprietários são os donos do Bar Secreto e do Chez Lorena) não tem truques nem invencionices: carnes feitas na brasa, guarnições, alguns petiscos. Mas a matéria-prima é boa, assim como a execução. O frango caipira desossado (R$ 32) dá para dois e chega à mesa dourado, porém úmido por dentro; o bife de chorizo (R$ 44) tem capa de gordura muito bem derretida; o prime rib (R$ 71) é assado com elegância, valorizando tanto a marmorização da peça como a presença do osso. E o referido serviço, por sua vez, é atento e bem informado sobre o cardápio. Não me dei mal em acatar sugestões como os bolinhos de aipim (R$ 9), a farofa da casa (R$ 10, feita com pancetta e ovo) e o arroz do chef (R$ 8, com brócolis, mandioca frita, cebola roxa). Mas acho que o nível cai um pouco nas sobremesas e no quesito vinhos e cervejas, com pouquíssimas opções. Na dúvida, leve sua garrafa: a rolha custa R$ 35. Dibaco. ?Se o senhor quiser, temos o menu executivo, que sai rápido e custa R$ 34,90. É para a pressa dos tempos modernos?, discursou o garçom da parrilla Dibaco, enquanto eu folheava o cardápio exposto logo na entrada. Trata-se de um imóvel de cem anos, numa esquina da R. Cardoso de Almeida, em Perdizes, abrigando restaurante e loja de vinhos. O proprietário, Murilo Canassa, já foi dono da Ladrillo, em Moema. Segui o palpite do rapaz, subi as escadas (no térreo fica a adega) e fui no tal executivo. Pelos amigáveis R$ 34,90, provei couvert (que inclui salada), batata frita como guarnição e um bem dimensionado pedaço de vacio, a fraldinha, devidamente jugoso, como dizem os portenhos. Em visitas posteriores, pedi outros cortes, à la carte. Não tive tanta sorte com o bife ancho (R$ 44), algo queimado por fora e mais para frio por dentro. Mas não levei sustos com as batatas suflê e o arroz biro-biro. E o pudim de leite, por duas vezes, fechou bem as refeições. De resto, o atendimento é cordial, o clima é pacato, mas não resisto a comentar sobre a ambientação. Nas paredes, as referências são ecléticas: o Baco de Caravaggio, Che Guevara, Woody Allen, uma TV (por quê, para quê?) ligada em programas esportivos... Eu diria que é uma boa dica regional. Não compensa viagens longas, mas convém para o eixo Santa Cecília-Lapa. Por que estes restaurantes? São duas novas parrillas, com influência argentina, mas estilos diferentes. Valem? Na Casa Nero, as porções são divisíveis e a conta fica abaixo dos R$ 100, sem contar as bebidas. No Dibaco, os preços também não assustam (e não apenas o menu executivo do almoço). Vale conhecer. Casa Nero - Al. Lorena, 2.101, J. Paulista, 3062- 8743. Dibaco - R. Cardoso de Almeida, 1.065, Perdizes, 3569-0024.

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