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Sobre tradições, conservas e ragus

Depois de tanto tempo indo a restaurantes, não há como visitar um ponto tradicional como a Casa Europa, aberta em 1987, sem repassar na memória suas várias encarnações. Eu lembro dos festivais de alcachofra, na época da chef Maria Montanarini. Da transição rumo a uma inexpressiva cozinha portuguesa, anos depois. E da fase Gardênia, já na década passada, quando houve até um flerte com a nueva cocina espanhola. Porém, há muitas temporadas eu não via o lugar tão revigorado como agora, renascido como Casa Europa ? Cantina e Mercado, sob o comando do restaurateur Ipe Moraes, da Adega Santiago e da Taberna 474. A esquina continua uma das mais agradáveis dos Jardins. O ambiente, totalmente reformado, segue arejado e acolhedor. Já o cardápio, voltou a apontar para a Itália, embora a Casa Europa apresente sinais inequívocos de parentesco com as ibéricas Adega e Taberna, e digo isso positivamente. A essência da proposta é semelhante: boa matéria-prima, receitas tradicionais mas sem ortodoxia (neste caso, executadas por Felipe Grecco, ex-BotaGallo), uma certa rusticidade na concepção e apresentação dos pratos.

Esquina. Totalmente reformado, ambiente segue arejado e acolhedor. FOTO: Rômulo Fialdini/Divulgação

O menu da Casa Europa é diverso, mas não tão extenso, e permite tanto arranjos mais informais, com entradas e petiscos, como refeições convencionais. Eu testei várias alternativas e as coisas funcionaram bem. A começar pelas conservas no azeite, com opções como sardinha marinada (R$ 18), legumes (R$ 12, com abobrinha e berinjela) e lascas de bacalhau (R$ 35), todas saborosas e sem excessos de condimentos. E por pratos mais ligeiros, como a salada de camarão, rúcula e laranja (R$ 45), os feijões brancos com atum (R$ 37) ou o raviolone com bacalhau e gema de ovo (R$ 29), muito delicado. Meticuloso com as massas, o chef Grecco propõe combinações com ragus de cocção lenta e variações da bolonhesa. É o caso do nhoque com ragu de rabada (R$ 47), muito bem apurado. Ou apresenta suas próprias sugestões, como o bavette verde com molho de polvo, tomates e alcaparras (R$ 58). E tira da grelha (o restaurante também tem forno a lenha) uma alentada bisteca fiorentina (R$ 83), talvez não muito canônica na receita, já que vai além da simplicidade do sal & azeite. Mas bem churrasqueada e farta o suficiente para ser dividida ? desde que você tenha comido entradas. Sobre o serviço, a brigada é cordial e conhece o cardápio. Mas tem lá seus momentos de ausência, uns repentes de curto-circuito. Uma impressão derradeira que quase se dissipa, no entanto, quando chegam à mesa sobremesas como o babá ao rum (R$ 12) e o ótimo café de coador.

Por que este restaurante?

É uma boa novidade, num dos pontos mais agradáveis dos Jardins.

Vale?

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Preste atenção: o tamanho da conta varia muito, conforme o entusiasmo com os pedidos (compartilhe o que puder; inclusive para provar mais coisas). A refeição completa fica entre R$ 100 e R$ 150, sem bebidas. Os vinhos, vários de importação própria, têm preços civilizados e as conservas, massas e molhos podem ser levadas para casa. Pela qualidade geral, vale.

SERVIÇO - Casa Europa Cantina e Mercado

Al. Gabriel Monteiro da Silva, 726, Jd. Paulistano Tel.: 3063-5577 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/0h (6ª e sáb., 12h/0h30; dom., 12h/ 17h e 19h/23h) Cc.: todos Manob.: R$ 20

>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 9/1/2014

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