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Um bistrô de esquina para Perdizes

Pode ser consequência do momento econômico, que não é animador. Ou meramente por causa de uma nova onda. E pode ser ainda sinal de amadurecimento do mercado, mais ou menos assim: enfim, perceberam que nem todos precisam praticar a média restauração de custos inchados e contas altas, e que tascas, trattorias e bistrôs devem ser informais e mais concentrados na comida. Digo isso porque o Lapin, inaugurado em abril, pertence a essa classe de estabelecimento, a dos novos bistrôs. O que não significa, por outro lado, que o restaurante apenas reproduza um ramerrão de pratos e cacoetes. Mesmo que o receituário e as fórmulas sejam conhecidos, o cuidado da chef e proprietária Rubia Coutinho com os detalhes acaba conferindo uma dose saudável de singularidade à casa.

FOTO: Werther Santana/Estadão

O ponto do Lapin, em Perdizes, já foi ocupado, na década passada, pelo Regina Preta ? um pequeno restaurante de trajetória não muito longeva, mas que preparava petiscos caprichados, como suppli e coxinha sem creme, além de um bom pain perdu. Seu ambiente é despojado, mas aconchegante. A água é de graça, os pães do couvert são crocantes, o serviço é simpático e não dá solavancos, ainda que demore um pouco mais com a casa cheia. Rubia Coutinho, dividindo-se entre salão e cozinha, já tem anos de trabalho com a cuisine française, no Eau, do Grand Hyatt, na época de Pascal Valero, e com Fred Frank, na fase inicial do La Cocotte. Seu ponto de vista da cozinha bistrotière, de inspiração provençal, não dá margem a invenciones e se traduz em pratos bem porcionados, pensados para uma refeição completa. De forma geral, a chef cuida bem dos pontos de cocção, o que ficou bem evidente em pratos como o carré de Cordeiro (R$ 48, com crosta de mostarda e vegetais salteados) e particularmente nos frutos do mar à provençal (R$ 42, com polvo, lagostim, camarão e lula). Contudo, considerando o balanço das visitas, a minha sequência preferida seria a seguinte. Terrine de campagne (R$ 24) e foie gras poêlé com figos (R$ 38), para entrada; um apetitoso confit de pato (R$ 49) e um equilibrado boeuf bourguignon (R$ 45) como principais; e île flotante (R$ 16) para a sobremesa, especialmente pela qualidade do creme inglês. Achei, no entanto, que falta tipicidade à salada niçoise (R$ 25). E não me dei bem, mesmo, com o mille-feuille (R$ 17), com massa um tanto murcha e sem as finíssimas folhas de massa que dão nome à sobremesa. Por fim, um aviso em sintonia com o momento: a casa não tem manobrista e recomenda o estacionamento na própria João Ramalho, número 593; para quem usa bicicleta, por outro lado, tem ciclofaixa logo em frente (e uma subida das boas).

Por que este restaurante?

É uma novidade interessante.

Vale?

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O almoço executivo custa R$ 39. Pedindo pelo cardápio, gasta-se entre R$ 80 e R$ 100 num repasto completo, sem bebidas. A carta de vinhos é curta e simples (coerente com o porte da casa), mas traz rótulos de uma única importadora. Para quem quiser levar a própria garrafa, a rolha custa R$ 45. Vale.

SERVIÇO - Lapin Café et Bistrot

R. João Ramalho, 766, Perdizes Tel.: 2157-6541 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/22h (fecha dom.; para café e quitutes, funciona das 10h/19h). Cc.: M e V

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