
Luiz Horta
Outro caviste
O segundo caviste do dia a gente nunca esquece.
Fui ao Verre Volé, lindo lugarzinho perto do Canal Saint Martin (ia dizer bucólico, mas porque todo canal tem que ser bucólico? O clichê sobe pelas pernas como a hera daninha).
Era de manhã, estava gelado e ensolarado, mistura perfeita e fui escutando umas músicas no ipod. Entrei, dei os bons dias e rumei para a prateleira.
O dono ficou gesticulando, pelejando para atrair minha atençao. Reagi mentalmente: “Nao estou te vendo, nao estou vendo, nao…” Tive que tirar o fone.
Ele: “Você fica com este negócio no ouvido, como vamos conversar?”. Fiquei muito sem graça, acho que ruborizei. Tentei sair à francesa, apesar do país não ajudar. Respondi que meu francês nao era bom e tal.
Ele nao se deu por convencido, falou bem rápido algo no estilo: estes gringos escravos da eletrônica.
Paguei meu Rhône Oratoire de Saint Martin, 8 euros e 90 e fugi depressa. Ou como escreveu Shakespeare, numa das mais famosas notações de palco: “sairam perseguidos por um urso”. Foi quase.
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