PUBLICIDADE

Blogs

La Romanée-Conti

Esta matéria já foi publicada parcialmente em minha coluna "Confesso que bebi" na revista Gula. Será que o mítico La Romanée-Conti é mesmo excepcional? Será que ele vale R$ 10.980 a garrafa, que é o preço do exemplar da safra de 2004? A julgar pelos que já tomei anteriormente e, principalmente, pelo Romanée-Conti 2004 que provei recentemente (5/11) num almoço no restaurante DOM, com um dos proprietário e diretor-geral do Domaine de la Romanée-Conti, Aubert de Villaine, a resposta para a primeira pergunta é sim, sem dúvida, ele é mesmo grandioso. Quando a valer o preço, depende de muitos fatores, começando e terminando pela conta bancária do comprador Trata-se de um dos maiores símbolos de status do mundo, muito mais do que um simples vinho. O fato é que pagam e que esse vinho não é propriamente vendido e sim "racionado". Ele é feito num terreno minúsculo (1,80 hectare) classificado como grand cru, na comuna de Vosne-Romanée (Bourgogne). A pequena produção (em torno de seis mil garrafas) é disputada por ricos e novos ricos do mundo inteiro. Até a sua comercialização é especial, pois a vinícola só vende caixas fechadas nas quais apenas uma garrafa é do grande vinho. Outros grands crus maravilhoso e caríssimos completam a caixa. É bom esclarecer que Domaine de la Romanée-Conti (DRC), é uma empresa, um produtor e Romanée-Conti é o seu principal vinho. Na Bourgogne, alguns vinhedos de elite são classificados como premiers crus e alguns poucos, a elite da elite, como grands crus. A aura de qualidade que cerca os produtos do Domaine de la Romanée-Conti, todos grands crus, também se justifica. Um dos melhores, mais caprichosos e mais caros produtores do mundo. Nessa degustação-almoço, Aubert de Villaine e Otávio Piva, dono da Expand, que é o importadora desses produtos, foram servidos um branco Le Montrachet 2000 e seis grands crus tintos, todos da ótima safra de 2004: Romanée-Conti (R$ 10.980); La Tâche (R$ 3.480); Richebourg (R$ 3.180); Romanée San- Vivant (R$ 2.980); Grands Echézaux (R$ 1.980) e Echézaux (R$ 1.350). O chef Alex Atala também brilhou servindo salada de abobrinha e lagostim com vinagrete de pimenta de cheiro; robalo com tucupi e mandioca; confit de pato com vinho Madeira e pimenta verde; aligot e ravióli de banana com calda de maracujá e sorvete de tangerina. Aubert de Villaine adorou o robalo e a sua combinação com os tintos, que não é nada óbvia. Se fosse para escolher um vinho para um jantar naquela noite, eu ficaria com o "baratinho", com o Échezaux, que está mais pronto, já dá grande prazer. Como assinalou Aubert de Vilaine, um vinho "sedutor", com aroma potente, evocando chocolate. Não dos mais potentes e concentrados, mas sim elegante. Encantou ao primeiro contato e continuou agradando até o final, Potente e com taninos macios (93/100 pontos). O Richebourg e o Grand Echézaux também estavam magníficos, porém mais fechados. Grands Echezaux austero, concentrado, com taninos ainda meio agressivos e ligeiramente alcoólico. Aroma evoluiu no copo, apresentou ligeiros toques de menta e muita complexidade. Um vinho de futuro (92/100). O Richebourg compartilhava muitas características com o Grandes Échezaux. Também austero, tânico e um pouco alcoólico (92/100). Incrível o aroma do Romanée-Saint-Vivant, intenso, complexo e com um toque de menta espetacular. Na boca, ainda um pouco austero, mas sem dúvida excelente (94/100). O La Tâche é vizinho do La Romanée-Conti e sempre citado como o "segundo melhor" do DRC. A julgar pelos preços, o Romanée-Conti deveria ser quase três vezes superior. Será que isso se justifica? Muito dificilmente, pois o La Tâche é um dos melhores do mundo. O de 2004 só confirmou o retrospecto: elegante, com aroma difícil de definir, complexo, elegante, com muitas nuances. O que mais gostei na degustação (96/100). Aubert de Vilaine lembrou que o Romanée-Conti é uma espécie de resumo, reúne as principais qualidades dos demais grands crus. Tem razão, pois é um hino à elegância e à classe, conceitos difíceis de definir. Tanto o La Tâche quanto o Romanée-Conti precisam envelhecer para chegar ao esplendor. Qual vai ser melhor na idade ideal? Difícil dizer, pois o futuro a Deus pertence. Segundo Aubert de Villaine, quinze anos é normalmente a idade mínima para provar seus vinhos (95/100, no momento). O Le Montrachet do Domaine de la Romanée Conti é considerado o melhor de todos dessa denominação, que gera os melhores brancos secos do mundo. O de 2000 tem aroma potente, toques minerais na boca e uma ponta de botrytis. Essa botrytis é um fungo que se fixa na pele de uvas super maduras, que normalmente dão vinhos doces, como o Sauternes (92/100) Ainda novo.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE